A 24 de Março de 1989,às primeiras horas da madrugada, um imenso navio petroleiro, o Exxon Valdez, com cerca de 300 metros de comprimento, embateu num bloco de gelo ao largo das costas do Alasca. O rompimento do casco deu origem a um dos mais trágicos acidentes ecológicos de que há lembrança, e seguramente um dos que teve pior efeito: pelo menos 41 milhões de litros de crude derramaram-se no mar. Perto de uma costa riquíssima em vida selvagem, onde reservas naturais albergavam importantes colónias de aves e a vida marinha era abundante, forçosamente tinham de ser péssimas as consequências. Mas, naquele dia azarado, era difícil prever até que ponto um drama terrível se abateu sobre o litoral do mais remoto estado norte-americano.
A mancha de óleo estendeu-se por cerca de 3.300 KM2 e 150 Km de costa! Cerca de 250 000 aves morreram pouco depois ou nos dias subsequentes. Focas, orcas, lontras-marinhas, baleias, milhões de pequenos crustáceos e peixes, incluindo as populações do famoso salmão-rosa, (esta era maior área de reprodução de salmão do mundo) pagaram o preço da imprevidência. Como a pagaram as populações locais, de pescadores e outros habitantes, uns 33 000 que viviam da pesca e das fábricas de conservas.
O que aconteceu e como?
De facto, o caso Exxon Valdez nunca foi um modelo de transparência. As causas do desastre nunca foram totalmente apuradas. Ao certo, sabe-se que o comandante do navio estava alcoolizado e não seguiu as instruções de rota que lhe foram indicadas pelas autoridades marítimas. As condições do navio também não eram certamente as que ostentava o Exxon Valdez, com orgulho, antes da catástrofe.
O gigantesco petroleiro era propriedade da Exxon Corporation, a maior petrolífera do mundo, um potentado económico que tinha adquirido a navio 3 anos antes, em condições nominais que davam confiança.
Mas o que se seguiu àquela madrugada fatídica veio trazer episódios novos. A Exxon desencadeou, nos meses e anos seguintes, uma enorme campanha assegurando que o acidente não tinha, afinal, tido resultados tão graves assim, e que, melhor ainda, a recuperação dos ecossistemas estava a seguir um caminho rápido e tranquilizador.
Embora a petrolífera tenha sido multada em 5 biliões de dólares por danos e crime ambiental, conseguiu batalhar na justiça e acabou pagando 1 bilião, em 1991, além das custas de parte do processo de limpeza, avaliado em mais de 2, 5 biliões. Mas o que pagou corresponde, dizem, a 3 semanas de resultados líquidos da empresa!
A luta nos tribunais prossegue até aos dias de hoje. O caso está longe de terminado. A Greenpeace classificou todo o processo do desastre como «uma interminável história de mentiras».
Há pouco tempo atrás, e depois da Exxon ter gasto milhões em campanhas de comunicação que garantiam a recuperação das costas do Alasca, estudos independentes vieram comprovar o contrário. Conclusão: passados quase 20 anos, o imenso derramamento de petróleo ainda se faz sentir. A Maior parte das espécies de aves não mais recuperou o seu efectivo original. A lontra-marinha igualmente continua a rarear em toda a região, depois de 3000 delas terem morrido na maré negra. O Serviço Nacional de Vida Marinha dos EUA revelou que 10 km de costa estavam ainda hoje seriamente afectados em torno de Prince William Sound, e que ainda persistem nos solos ao longo do litoral pelo menos 100 toneladas de crude! Aliás, estas conclusões corroboram um estudo recente da revista Science e mesmo qualquer caminhante, percorrendo as praias frias do Alasca, pode encontrar facilmente o negro viscoso do óleo debaixo das pedras!
Como curiosidade, diga-se que o navio, reparado na Califórnia, navega hoje com o nome de Exxon Mediterranean, embora esteja proibido de passar em águas do estado do Alasca!
Os efeitos a longo prazo deste tipo de contaminação parecem bem piores e complexos do que se julgava.
Quanto à empresa Exxon, hoje EXonn Mobil depois da fusão em 1999, com toda a sua influência política e peso financeiro, prossegue a campanha de «branqueamento histórico» … da maré negra! Com a mesma força e recursos com que paga estudos negando o aquecimento global… ou com que tenta abrir novos campos de exploração petrolífera no Árctico, criando a sua própria realidade…que infelizmente os ecossistemas desmentem, apesar do talento das agências de comunicação!
Em tempos de crise petrolífera, (que a história do «ouro negro» não diz só respeito a preços da gasolina!) uma memória triste a reter!
Bernardino Guimarães
A mancha de óleo estendeu-se por cerca de 3.300 KM2 e 150 Km de costa! Cerca de 250 000 aves morreram pouco depois ou nos dias subsequentes. Focas, orcas, lontras-marinhas, baleias, milhões de pequenos crustáceos e peixes, incluindo as populações do famoso salmão-rosa, (esta era maior área de reprodução de salmão do mundo) pagaram o preço da imprevidência. Como a pagaram as populações locais, de pescadores e outros habitantes, uns 33 000 que viviam da pesca e das fábricas de conservas.
O que aconteceu e como?
De facto, o caso Exxon Valdez nunca foi um modelo de transparência. As causas do desastre nunca foram totalmente apuradas. Ao certo, sabe-se que o comandante do navio estava alcoolizado e não seguiu as instruções de rota que lhe foram indicadas pelas autoridades marítimas. As condições do navio também não eram certamente as que ostentava o Exxon Valdez, com orgulho, antes da catástrofe.
O gigantesco petroleiro era propriedade da Exxon Corporation, a maior petrolífera do mundo, um potentado económico que tinha adquirido a navio 3 anos antes, em condições nominais que davam confiança.
Mas o que se seguiu àquela madrugada fatídica veio trazer episódios novos. A Exxon desencadeou, nos meses e anos seguintes, uma enorme campanha assegurando que o acidente não tinha, afinal, tido resultados tão graves assim, e que, melhor ainda, a recuperação dos ecossistemas estava a seguir um caminho rápido e tranquilizador.
Embora a petrolífera tenha sido multada em 5 biliões de dólares por danos e crime ambiental, conseguiu batalhar na justiça e acabou pagando 1 bilião, em 1991, além das custas de parte do processo de limpeza, avaliado em mais de 2, 5 biliões. Mas o que pagou corresponde, dizem, a 3 semanas de resultados líquidos da empresa!
A luta nos tribunais prossegue até aos dias de hoje. O caso está longe de terminado. A Greenpeace classificou todo o processo do desastre como «uma interminável história de mentiras».
Há pouco tempo atrás, e depois da Exxon ter gasto milhões em campanhas de comunicação que garantiam a recuperação das costas do Alasca, estudos independentes vieram comprovar o contrário. Conclusão: passados quase 20 anos, o imenso derramamento de petróleo ainda se faz sentir. A Maior parte das espécies de aves não mais recuperou o seu efectivo original. A lontra-marinha igualmente continua a rarear em toda a região, depois de 3000 delas terem morrido na maré negra. O Serviço Nacional de Vida Marinha dos EUA revelou que 10 km de costa estavam ainda hoje seriamente afectados em torno de Prince William Sound, e que ainda persistem nos solos ao longo do litoral pelo menos 100 toneladas de crude! Aliás, estas conclusões corroboram um estudo recente da revista Science e mesmo qualquer caminhante, percorrendo as praias frias do Alasca, pode encontrar facilmente o negro viscoso do óleo debaixo das pedras!
Como curiosidade, diga-se que o navio, reparado na Califórnia, navega hoje com o nome de Exxon Mediterranean, embora esteja proibido de passar em águas do estado do Alasca!
Os efeitos a longo prazo deste tipo de contaminação parecem bem piores e complexos do que se julgava.
Quanto à empresa Exxon, hoje EXonn Mobil depois da fusão em 1999, com toda a sua influência política e peso financeiro, prossegue a campanha de «branqueamento histórico» … da maré negra! Com a mesma força e recursos com que paga estudos negando o aquecimento global… ou com que tenta abrir novos campos de exploração petrolífera no Árctico, criando a sua própria realidade…que infelizmente os ecossistemas desmentem, apesar do talento das agências de comunicação!
Em tempos de crise petrolífera, (que a história do «ouro negro» não diz só respeito a preços da gasolina!) uma memória triste a reter!
Bernardino Guimarães
Isso é terrível. Eu estou a fazer um trabalho para a escola, e, acidentalmente esbarrei-me no Exxon. Isso é a coisa mais séria e grave que alguma vez vi. cada palavra é um choque.
ResponderEliminarJessica, Portugal-12 anos
é mesmo chocante ,saber que alguem possa negar a responsabilidade dessa maneira,fechando os olhos para os estragos causados.
ResponderEliminarPaulo Rogerio 09/09
são essas tragédias que nos fazem refletir sobre a nossa consciencia em preservar e cuidar do meio ambiente.
ResponderEliminarMárcio Carmona
nossa ..
ResponderEliminarEstou fazendo um trabalho ,
e juro que nunca soube sobre o Exxon Mobil antes disso .
Isso foi esquecido de uma maneira que parece ser apenas um acidente simples e sem importancia.
mais na verdade não é , e bem mais sério de que eu penso ..
Conclusão: passados quase 20 anos, o imenso derramamento de petróleo ainda se faz sentir. A Maior parte das espécies de aves não mais recuperou o seu efectivo original. ..... Aliás, estas conclusões corroboram um estudo recente da revista Science e mesmo qualquer caminhante, percorrendo as praias frias do Alasca, pode encontrar facilmente o negro viscoso do óleo debaixo das pedras!
ResponderEliminarO poder do dinheiro prevalece ...a ética ...onde está?
Estamos em 2012 já foram percorridos 23 anos, como se manifesta o meio ambiente, após o incidente do petroleiro Exxon? Alguém sabe?
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