quinta-feira, setembro 10, 2009

ALDO LEOPOLD

Aldo Leopold, naturalista norte-americano, escritor, divulgador da ideia da «ética da terra» foi uma das figuras mais marcantes da conservação da Natureza nos Estados Unidos e no mundo, tendo alcançado uma imensa projecção global que ainda hoje é debatida e influencia os movimentos ambientalistas.
Um livro (Sand County Almanac, O Condado das Areias, na edição portuguesa recente Pensar Como Uma Montanha, Edições Sempre-Em-Pé) —a sua obra-prima, publicada já postumamente em 1949-- resume o pensamento deste homem simultaneamente prático e teórico, poeta e concretizador, apaixonado pela Natureza desde muito jovem, extraordinário comunicador, capaz de formular conceitos que ultrapassaram a sua própria época.
Aldo Leopold nasceu em Burlington, no Iowa, em 1887. Estudou nas escolas públicas de Burlington, a Lawernceville School em Nova Jersey, para se preparar para a faculdade. Entra para a Escola Científica Sheffield em Yale, em 1906 começa o curso na Escola Florestal de Yale que termina com o grau "Master of Forestry", em 1909.
Aldo Leopold é considerado o pai do estudo da ecologia da vida selvagem e um verdadeiro herói de Wisconsin. Foi um académico e cientista de renome, um professor excepcional, um talentoso escritor e filósofo.
Depois de se formar, Leopold esteve 19 anos nos Serviços Florestais dos Estados Unidos. Começou por trabalhar no Arizona, como assistente na Apache National Forest, e depois na Carson National Forest no norte do Novo México. Em 1918, depois dos Estados Unidos entrarem na I Guerra Mundial, Aldo Leopold altera as suas prioridades e deixa os serviços florestais, aceitando, em Janeiro desse ano, o cargo de secretário da Câmara de Comércio de Albuquerque. Retoma a sua actividade nos Serviços Florestais em 1919, como Assistente Florestal Distrital, responsável pela organização negocial, finanças do pessoal, caminhos e trilhos e controlo de fogos, para os 10 milhões de hectares de floresta do Sudoeste.
Durante o seu trabalho, Leopold começou a ver a terra como um organismo vivo, desenvolvendo o conceito de comunidade. Sobre este conceito, alicerçou toda uma teoria de conservação, da qual ele foi o mais influente defensor. Em 1924, Leopold inicia a sua carreira de professor na universidade de Wisconsin e, simultaneamente, abandonando os Serviços Florestais, dedica-se à avaliação da dimensão e estado de populações de fauna cinegética em diversos Estados Norte Americanos do Midwest. As raízes do conceito de Leopold da "ética da terra", sempre presentes na sua obra, podem ser seguidas até ao local onde nasceu, nas margens do rio Mississippi, perto de Burlington, Iowa. Enquanto jovem, Aldo desenvolveu um enorme gosto e interesse pelo mundo natural, passando horas perdidas em aventuras nas matas, pastagens e rios de um Iowa então relativamente selvagem. Esta precoce ligação ao mundo natural, aliada a um sentido e a uma habilidade pouco comum para a observação e a para a escrita, levou-o a obter o seu grau de mestre por Yale.
O seu trabalho na floresta e as suas investigações de académico levaram-no até à formulação das suas ideias mestras: a terra encarada não só como solo mas como uma comunidade de seres vivos e de outros factores interagindo— a comunidade biótica que o Homem deve entender correctamente se dele quer extrair recursos sem comprometer o futuro.
Mas o conceito, que marcou o debate filosófico, sobre a «ética da terra» vai mais longe. Como escreveu Viriato Soromenho Marques:
«Acima de tudo, Aldo Leopold recorda-nos que o grande sentido da palavra ética é o de construção de comunidades, de relações e de simbiose entre os seus membros. Ora, a humanidade tem historicamente traçado uma fronteira entre si e as outras criaturas, como se os seres humanos pudessem subsistir sem o concurso das forças naturais, de que dependemos como a parte depende do todo. A ética da terra (land ethic) faz um apelo ao alargamento da comunidade ética a todas as criaturas. Paz na terra e com a terra, entre os homens e todas as criaturas. Esse é o desafio e a tarefa vital no século XXI.» Aldo Leopold foi um dos fundadores em 1935 da Wilderness Society (Sociedade para a Natureza Selvagem), publicou inúmeros artigos na Imprensa e deixou obras de referência sobre a floresta e a gestão da fauna silvestre, temas do famoso Boletim, Pine Code, que começou a publicar já em 1915.
Morreu em 1948, na sua herdade do Wisconsin.
Diz-se na apresentação da edição portuguesa de «Pensar como uma Montanha»:
«Hoje a sua projecção é imensa. Na linha de Jonh Muir, fundador do movimento conservacionista, Leopold é a figura inspiradora de um novo fôlego, inaugurando a fase moderna do movimento numa perspectiva claramente ecológica. Lendo-o e relendo-o, encontraremos sempre novos tesouros, nunca deslustrados.»
Bernardino Guimarães

1 comentário:

  1. " A ética da terra (land ethic) faz um apelo ao alargamento da comunidade ética a todas as criaturas. Paz na terra e com a terra, entre os homens e todas as criaturas. Esse é o desafio e a tarefa vital no século XXI.» "

    Ética em todas as relações.Infelizmente é o que menos existe nos seres humanos!

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