domingo, dezembro 13, 2009

QUEIMADAS NA GUINÉ-BISSAU PODEM CAUSAR ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

por Lusa11 Dezembro 2009
O representante da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) em Bissau, Nelson Dias, afirmou hoje que a Guiné-Bissau corre o risco de ter "grandes alterações climáticas" se continuar a fazer queimadas nas florestas.
Em declarações à agência Lusa, o representante da UICN considerou que, apesar de a Guiné-Bissau contar com "uma grande vantagem comparativa de momento" em relação aos outros países africanos, há "riscos potenciais" de alterações do clima caso persistam as queimadas.
Em média, 60 mil hectares de terrenos são alvo de queimadas todos os anos na Guiné-Bissau e a grande maioria da população cozinha à base da lenha e do carvão, destacou Nelson Dias.
"É errado pensar que a Guiné-Bissau não produz gases que atacam a camada do ozono, quando se sabe que a grande maioria da população cozinha com lenha e com o carvão. Para onde é que vai todo o gás que se liberta dessas actividades?", questionou Nelson Dias.
"Se desaparecer a nossa floresta e os mangais de que forma é que será feito o sequestro dos gases produzidos com as queimadas e as cozinhas à base da lenha e do carvão? Por enquanto, podemos admitir que o impacto dessas práticas é residual, mas daqui a poucos anos, se nada for feito, as consequências serão nefastas", afirmou o representante da UICN.
Também a agricultura itinerante, que obriga os camponeses a mudarem de local de cultivo sazonalmente, leva a que haja a necessidade de cortar a floresta e, consequentemente, destruir o ecossistema.
"Se nada for feito para mudar isso, daqui a pouco o nosso país vai estar como a Mauritânia ou Cabo Verde, com solos pobres e sem floresta", disse Nelson Dias.
Outro "perigo", na visão de Nelson Dias, é a utilização de produtos de plástico, que poderá afectar o solo e o subsolo: "Os plásticos, que são usados para tudo e mais alguma coisa na Guiné-Bissau, levam entre 200 a 300 anos para se decomporem. Se ficam no solo ou subsolo, um dia acabam por não deixar passar a água da chuva e teremos inundações como já acontece noutros países".
Mesmo assim, sublinhou que o país devia "exibir ao mundo" o trabalho que está a fazer no domínio da conservação das espécies: "A Guiné-Bissau é o único país na costa ocidental da África que tem 12 por cento do seu território como zona protegida por lei, onde não se pode praticar qualquer actividade humana que agrida o ecossistema.»

Sem comentários:

Enviar um comentário