quinta-feira, abril 01, 2010

PARA O MEU CORAÇÃO

Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma.

És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.


                                    Pablo Neruda,
      in "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada»

2 comentários:

  1. Se cada dia cai

    Se cada dia cai, dentro de cada noite,
    há um poço
    onde a claridade está presa.

    há que sentar-se na beira
    do poço da sombra
    e pescar luz caída
    com paciência.

    Pablo Neruda (Últimos Poemas)

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  2. Se cada dia cai

    Se cada dia cai, dentro de cada noite,
    há um poço
    onde a claridade está presa.

    há que sentar-se na beira
    do poço da sombra
    e pescar luz caída
    com paciência.

    Pablo Neruda (Últimos Poemas)

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