terça-feira, junho 29, 2010

TORMENTO DE IDEAL

Conheci a Beleza que não morre
E fiquei triste. Como quem da serra
Mais alta que haja, olhando aos pés a terra
E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre,


Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre;
Assim eu vi o mundo e o que ele encerra
Perder a cor, bem como a nuvem que erra
Ao pôr do sol e sobre o mar discorre.


Pedindo à forma, em vão, a idéia pura,
Tropeço, em sombras, na matéria dura,
E encontro a imperfeição de quanto existe.


Recebi o batismo dos poetas,
E assentado entre as formas incompletas,
Para sempre fiquei pálido e triste.

                                Antero de Quental

3 comentários:

  1. "Conheci a Beleza que não morre
    E fiquei triste. Como quem da serra
    Mais alta que haja, olhando aos pés a terra
    E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre,"

    Este verso tem um significado ímpar em minha vida, amo esse poema por completo, mas esta estrofe tem história...

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  2. "Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre;
    Assim eu vi o mundo e o que ele encerra
    Perder a cor, bem como a nuvem que erra
    Ao pôr do sol e sobre o mar discorre. "

    Pôr do sol ... o mar...---momento que nos permite ver melhor o que o mundo encerra!

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  3. ...
    "O mar com finas ondas de escumilha..
    E enquanto eu na varanda de marfim
    Me encosto, absorto num cismar sem fim,
    Tu, meu amor, divagas ao luar,"
    ...

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