quarta-feira, novembro 10, 2010

NUVENS (II)

Pelo ar andam plácidas montanhas ou trágicas cordilheiras sombreadas
que escurecem o dia. Chamam-lhes
nuvens. As formas podem ser estranhas.
Shakespeare observou uma. Parecia ser
um dragão. Essa nuvem de uma tarde
em sua palavra resplandece e arde
e ainda a continuamos a ver..
Que são as nuvens? Uma arquitetura
do acaso? Deus, talvez, necessita delas
para a execução de Sua infinita
obra: são fios de uma trama obscura.
Talvez a nuvem seja tão vã
como o homem que a olha na manhã.

                          Jorge Luís Borges

3 comentários:

  1. E talvez por serem assim , breves, frágeis, provisórias me pareçam sempre tão belas.

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  2. Creio que Deus criou as nuvens para termos um momento de magia e contemplação pelo belo que Ele criou... Muitas pessoas não têm essa sensibilidade, mas eu adoro contemplar e visualizá-las... como se de uma mensagem celestial se tratasse...

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  3. Conclusão
    Os impactos de amor não são poesia/(tentaram ser:aspiração noturna)./A memória infantil e o outono pobre/vazam no verso de nossa urna diurna.
    Que é poesia, o belo? Não é poesia,/e o que não é poesia não tem fala./Nem o mistério em si nem velhos nomes/poesia são: coxa, fúria, cabala.
    Então,desanimamos. Adeus, tudo!/ A mala pronta, o corpo desprendido,/resta a alegria de estar só, e mudo.
    De que se formam nossos poemas? Onde?/Que sonho envenenado lhes responde,/ se o poeta é um ressentido, e o mais são nuvens!
    Carlos Drummond de Andrade.

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