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Um livro (Sand County Almanac, O Condado das Areias, na edição portuguesa recente Pensar Como Uma Montanha, Edições Sempre-Em-Pé) —a sua obra-prima, publicada já postumamente em 1949-- resume o pensamento deste homem simultaneamente prático e teórico, poeta e concretizador, apaixonado pela Natureza desde muito jovem, extraordinário comunicador, capaz de formular conceitos que ultrapassaram a sua própria época.
Aldo Leopold nasceu em Burlington, no Iowa, em 1887. Estudou nas escolas públicas de Burlington, a Lawernceville School em Nova Jersey, para se preparar para a faculdade. Entra para a Escola Científica Sheffield em Yale, em 1906 começa o curso na Escola Florestal de Yale que termina com o grau "Master of Forestry", em 1909.
Aldo Leopold é considerado o pai do estudo da ecologia da vida selvagem e um verdadeiro herói de Wisconsin. Foi um académico e cientista de renome, um professor excepcional, um talentoso escritor e filósofo.
Depois de se formar, Leopold esteve 19 anos nos Serviços Florestais dos Estados Unidos. Começou por trabalhar no Arizona, como assistente na Apache National Forest, e depois na Carson National Forest no norte do Novo México. Em 1918, depois dos Estados Unidos entrarem na I Guerra Mundial, Aldo Leopold altera as suas prioridades e deixa os serviços florestais, aceitando, em Janeiro desse ano, o cargo de secretário da Câmara de Comércio de Albuquerque. Retoma a sua actividade nos Serviços Florestais em 1919, como Assistente Florestal Distrital, responsável pela organização negocial, finanças do pessoal, caminhos e trilhos e controlo de fogos, para os 10 milhões de hectares de floresta do Sudoeste.
Durante o seu trabalho, Leopold começou a ver a terra como um organismo vivo, desenvolvendo o conceito de comunidade. Sobre este conceito, alicerçou toda uma teoria de conservação, da qual ele foi o mais influente defensor. Em 1924, Leopold inicia a sua carreira de professor na universidade de Wisconsin e, simultaneamente, abandonando os Serviços Florestais, dedica-se à avaliação da dimensão e estado de populações de fauna cinegética em diversos Estados Norte Americanos do Midwest.
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O seu trabalho na floresta e as suas investigações de académico levaram-no até à formulação das suas ideias mestras: a terra encarada não só como solo mas como uma comunidade de seres vivos e de outros factores interagindo— a comunidade biótica que o Homem deve entender correctamente se dele quer extrair recursos sem comprometer o futuro.
Mas o conceito, que marcou o debate filosófico, sobre a «ética da terra» vai mais longe. Como escreveu Viriato Soromenho Marques:
«Acima de tudo, Aldo Leopold recorda-nos que o grande sentido da palavra ética é o de construção de comunidades, de relações e de simbiose entre os seus membros. Ora, a humanidade tem historicamente traçado uma fronteira entre si e as outras criaturas, como se os seres humanos pudessem subsistir sem o concurso das forças naturais, de que dependemos como a parte depende do todo. A ética da terra (land ethic) faz um apelo ao alargamento da comunidade ética a todas as criaturas. Paz na terra e com a terra, entre os homens e todas as criaturas. Esse é o desafio e a tarefa vital no século XXI.»
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Morreu em 1948, na sua herdade do Wisconsin.
Diz-se na apresentação da edição portuguesa de «Pensar como uma Montanha»:
«Hoje a sua projecção é imensa. Na linha de Jonh Muir, fundador do movimento conservacionista, Leopold é a figura inspiradora de um novo fôlego, inaugurando a fase moderna do movimento numa perspectiva claramente ecológica. Lendo-o e relendo-o, encontraremos sempre novos tesouros, nunca deslustrados.»
Bernardino Guimarães
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" A ética da terra (land ethic) faz um apelo ao alargamento da comunidade ética a todas as criaturas. Paz na terra e com a terra, entre os homens e todas as criaturas. Esse é o desafio e a tarefa vital no século XXI.» "
ResponderEliminarÉtica em todas as relações.Infelizmente é o que menos existe nos seres humanos!