
O problema é nosso. E do orgulho e altivez, emprestado pelo avanço técnico e científico, caímos nos dilemas de consciência, nos medos que atravancam a própria noção de futuro. Desde que nos descobrimos capazes de alterar o mundo com a força e a rapidez espantosa que se constata, ficámos como que perplexos: o que fazer com tanta força, com tanta capacidade de construir…e de destruir? Até onde iremos? O domínio do mundo acarreta, como qualquer poder, muita responsabilidade…estaremos, nesta fase da história humana, à altura desse desafio? Temos ombros para tamanha carga?
Estamos portanto em plena crise ecológica. A água, sem a qual não vivemos nem progredimos, é um bem cada vez mais escasso— e mal distribuído geograficamente. Grande parte dos cidadãos nominais da «comunidade global», não têm acesso à água potável e esse recurso rareia para a agricultura— desgraçadamente para os que não têm dinheiro para se valerem de imensos meios técnicos que minimizem o problema. A fome continua a ser uma realidade crescente, enquanto nos países mais desenvolvidos a obesidade faz estrago na saúde pública.
Por acção humana, vive-se a era das extinções: o património natural mundial desaparece a olhos vistos. Não estão apenas em causa motivos éticos e estéticos— mas a riqueza e prosperidade futura. Sem diversidade vegetal e animal estará ameaçada a agricultura, o fabrico de medicamentos, o equilíbrio ecológico das regiões, as pescas, a manutenção das florestas.
Modificamos o clima, sobrecarregando a atmosfera com doses de dióxido de carbono e outros gases que fazem elevar a temperatura.
Enfim, crise ecológica. Que pode e deve ser relacionada com as sucessivas crises económicas que sofremos. Vivemos acima das nossas possibilidades, acumulando uma imensa e preocupante «dívida ecológica». Como iremos pagá-la? E quando?
Por isso causa espanto e pena ver alguns responsáveis políticos, que elegemos, fazerem de conta que tudo pode continuar como até aqui. Separando crises que não podem ser separadas, se as queremos mesmo resolver de modo durável e inteligente.
Bernardino Guimarães
( foto de Raízes.e.Asas)
(Crónica Antena 1, em 3/9/09)
Vivemos acima das nossas possibilidades, acumulando uma imensa e preocupante «dívida ecológica». Como iremos pagá-la? E quando?
ResponderEliminarComo já dizias, até quando?Visionário...parabéns !