domingo, outubro 18, 2009

SILÊNCIO

Nunca estiveram assim, sem vontade, sem sentido, sem direcção? Se calhar sou eu…ou esta coisa de o tempo não parar, de tudo acontecer demasiado depressa. Este ruído das coisas, estas coisas do ruído, o barulho lá fora, a agitação cá dentro. E tudo passa. São frames sem consequência; Outono que não se revela, que arde lentamente sob os dias, à espera; e aves confundidas na viagem, lagartos que refulgem ao sol do meio-dia.
Há um por dentro das coisas que dificilmente se encontra, galerias esconsas que ficam esquecidas. Por isso este tempo de espera, de incerteza, este voo que nunca vai. O Peregrino é destas coisas, estacional, impressivo, orbitando em vez de seguir caminho. Magnetismo, pó das estrelas onde ficou a memória profunda que já não temos.
No entanto, ela move-se. A vida. Embriagamo-nos dela. Os seus minutos contam, pesados, tudo passa ao largo se não aproveitamos a maré que dura só uns instantes. O tempo é só areia que escorre dentro do vidro ou pulsão digital.
Talvez o pousar e as danças dos grous me animasse hoje— mas só isso seria remédio. O mar, esperar, vagar, vaguear. Que interessa que já não existam vagas para vaguear, só filas para o vazio?
Lavando os olhos no mar azul profético, costas voltadas para o delírio barroco da cidade antiga, para o frenesi das visões multimédia, inquieto, pleno de electricidade estética. Este é o domingo que tinha de vir. Esperemos o próximo barco com lugar num convés com vista para o futuro!
Bernardino Guimarães

3 comentários:

  1. Pensamos;
    Procuramos;
    Rodamos por tantos cantos
    À procura de algum encanto -
    Um momento santo
    Capaz de fazer frente
    Ao interno e silencioso pranto...
    Desencanto.
    No entanto,
    Num súbito espanto,
    O encontramos
    Num interno e silencioso canto...
    Não mais pensamos;
    Não mais procuramos;
    Não mais rodamos, apenas,
    Sentamos e aquietamos...
    Sabemos!

    (Nelson Jonas)

    ResponderEliminar
  2. Este é o domingo q o peregrino escolheu pra si. A vida vibra, lateja e só pode existir no aq e agora... A memória não produz vida. Olhe pra trás... tire do passado o seu Eu e tragaó para viver aqui. Deixe passar o q não pode ser mudado... Não passe a vida esperando o próximo barco.... embarque agora.... já.... quem sabe, além mar um sorriso de aconchego e carinho espera de braços abertos pra brindar a sua vida?
    Dizer Sim a vida é tbm dizer Sim a morte. É matar o velho, o passado, é se perdoar pelos seus erros e recomeçar com confiança e coragem. Siga peregrino. O caminho se faz no agora.

    ResponderEliminar
  3. O tempo é só areia que escorre dentro do vidro ou pulsão digital.

    O tempo...sempre ele......os erros? Será que o foram? Luta Peregrino e vencerás!

    ResponderEliminar