DOIS ANOS PEREGRINO

Dois anos passaram sobre o início deste blogue. Talvez seja justo assinalá-lo aqui, esse aniversário obscuro e no entanto tão aberto. Nunca se escreve sem querer ter leitores, a menos que falemos daquelas páginas melancólicas, belas e risíveis que ficam amarelas nas gavetas à espera da grande luz do futuro, diários, notas de navegação. O Peregrino preocupa-se com a memória, com o tempo voraz que passa, como um grande vento, e com as coisas que corre o risco de esquecer. Só por isso aceita efemérides e aniversários.
À falta de uma definição que o justifique, o Peregrino quer continuar o seu caminho. A estrada para ele é misteriosa, e conhece as encruzilhadas terríveis, imprevistas que assaltam e ferem sem aviso.
Registo de palavras, amplificador de causas, engano narcísico, percurso de gostos, geografia sentimental, exercício de se dar, seja como for.
O mundo continua perigoso e belo, os dias inquietantes e promissores. Os chineses antigos rezavam às divindades para que ficassem livres de «tempos interessantes». Calhou-nos essa sorte. Tentemos ao menos estar à altura das grandes interrogações, em vez de adivinharmos o que vem.

O Peregrino sabe pouco sobre o futuro. Conta apenas que haja caminho! E persiste!
BG