segunda-feira, abril 20, 2009

O OCASO DO AIRO

Uma extinção anunciada? O airo, ou arau, ( Uria aalge) ave marinha que lembra os pinguins ( mas sem parentesco com estes) tinha o seu reduto mais meridional nas ilhas Berlengas. Escrevemos no passado porque este ano a contagem destes pássaros não descobriu, segundo foi noticiado, mais do que 4 indivíduos. Ainda há poucos anos havia nas Berlengas alguns casais nidificantes. Nos anos 80 seriam 70 as parelhas reprodutoras--e nos anos 50 a colónia de araus foi estimada em 6000 casais.
Que se passou? Talvez uma conjugação de factores: a proliferação excessiva de gaivotas, em parte devido a causas humanas, como as lixeiras que lhes servem de alimento, e as redes de emalhar-arte de pesca que cobra muitas vidas entre as aves do mar, entre outros.
Símbolo da Reserva Natural das ilhas Berlengas, protegida por lei, esta ave em breve constará da lista de espécies extintas em Portugal. Triste situação, sobretudo porque alguma coisa podia e devia ter sido feita para evitar esta tragédia ecológica. Mas o nosso país não parece querer gastar muitos recursos com a conservação da Natureza e da biodiversidade, como amargamente sabemos!
O airo é uma ave colonial, formando grandes aglomerações nidificantes em rochedos e falésias em muitos locais do Atlântico Norte. As suas asas pequenas não o impedem de voar, mas é no seu mergulho espectacular que se destaca. Apesar da postura erecta que exibe quando em terra, o airo é um nadador exímio, pode mergulhar em busca de peixe até à profundidade de 60 metros e pode manter-se dentro de água mais de 2 minutos.
A sua presença nas Berlengas faz-se sentir entre Janeiro e Julho. Em breve será--se nada suceder de excepcional- apenas uma saudade. E um fracasso de todos nós!
Bernardino Guimarães

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