--não é seguro: nenhuma tecnologia conhecida pode assegurar a inexistência de riscos, incluindo riscos extremos;
--Em Portugal, a falta de experiência e de pessoal habilitado no sector torna o perigo de acidente ainda mais preocupante;
--É caro… e lento no retorno do investimento. Em Portugal--e segundo os fabricantes—uma central que fosse iniciada agora demoraria de 10 a 12 anos a estar em pleno funcionamento;
-- A fuga de radioactividade para a atmosfera é comum nas centrais atómicas. Mas pode ser monitorizada. Já as fugas para águas subterrâneas são mal conhecidas, como se viu agora em França;
--Necessita de localização próxima da água. Essa exigência incontornável limita as localizações possíveis e torna mais problemática a sua instalação;
-- O arrefecimento dos reactores causa um aquecimento considerável dos cursos de água. Alguns rios europeus viram a fauna aquática sofrer perdas irreparáveis por causa disso;
-- Uma região onde esteja instalada uma central desvaloriza-se em termos de paisagem e turismo, e a produção agrícola local será suspeita, perdendo assim mercado.
--Dependência do urânio enriquecido—para países como Portugal, tornar-se-ia numa dependência grave, de modo nenhum melhor do que a do petróleo. O urânio tem vindo a sofrer grandes aumentos de preços;
--O problema dos resíduos não tem solução possível. A localização dos depósitos contaminados é um problema cada vez mais grave e insolúvel— veja-se o caso da Espanha, onde desesperadamente se procura um local para «cemitério de resíduos»;
--O nuclear agrava a centralização da produção energética, ao arrepio do que é cada vez mais necessário, e exige redes muito extensas e unidireccionais;
-- As centrais atómicas são, de todas as instalações de produção energética, as mais vulneráveis a um acto terrorista, ou mesmo a acidentes como a queda de um avião. O mesmo pode acontecer numa central a carvão, por exemplo, mas as consequências é que não seriam as mesmas; --O desmantelamento de uma central no seu fim de vida útil é comprovadamente um pesadelo técnico e financeiro, aliás geralmente não contabilizados nos custos previstos; durante décadas, o local onde esteve a central desmantelada não pode ser considerado seguro;
O nuclear civil tem uma fronteira que por vezes é ténue com o nuclear militar, veja-se o Irão. Mas mais grave é a possibilidade de resíduos radioactivos, combustíveis irradiados e outros, poderem ser utilizados como componentes de « bombas sujas» a usar por eventuais grupos terroristas, por exemplo;
ACIDENTES NUCLEARES
Em 26 de Setembro de 1986, cinco meses após o terrível acidente de Chernobyl, ocorrido na então URSS, a Agência Internacional de Energia Atómica da ONU (AIEA), reunida em Viena, adoptou duas Convenções: A «Convenção sobre alerta Rápido de Acidentes Nucleares» e a «Convenção sobre Assistência em Caso de Acidentes Nucleares e Emergências Radiológicas». Os textos, conjuntamente intitulados como Convenção de Viena, vieram a ser ratificados por cerca de 166 países e constituem, juntamente com a anterior convenção sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares, ainda hoje a estrutura fundamental com que conta a comunidade internacional nestes casos.
A verdade é que acidentes…acontecem. E sucederam alguns que marcaram a atitude das instâncias mundiais. Estas convenções institucionalizam a obrigatoriedade de qualquer acidente em central nuclear, ou instalação militar com engenhos atómicos, ser imediatamente comunicada junto da AIEA e dos países «afectados fisicamente pelas consequências de um desastre». A regra do silêncio, a ausência de aviso mesmo quando são já muitos os países vizinhos atingidos por uma nuvem radioactiva, foi uma das características do acidente de Chernobyl. A radiação espalhada detectou-se na Dinamarca e Suécia, proveniente da Ucrânia, bastantes horas após o trágico acidente, e mesmo assim só depois disso a governo soviético reconheceu que «alguma coisa» havia de facto ocorrido.
Nos textos aprovados procura-se prevenir o futuro, minimizando eventuais consequências de acidentes que venham a ocorrer. Além do dever de informação atempada, fica assegura a assistência internacional a um país onde tenha ocorrido uma catástrofe deste tipo e são definidas as regras para que essa ajuda seja efectivada, sob coordenação técnica da AIEA.
A Agência dispõe, desde 1989, com um dispositivo de «vigilância permanente» destinado a dar um primeiro alerta internacional. Conta com uma célula que realiza a vigilância de 24 horas diárias a partir da sede da AIEA em Viena, com um efectivo de cerca de 30 especialistas, bases de dados informatizados e equipas de comunicação. Tudo a postos, na verdade, porque um problema— uma tragédia— pode sempre dar-se e será preciso encontrar respostas eficazes e céleres, o que implica um máximo de informação disponível.
Os acidentes nucleares são catalogados em sete níveis de gravidade, por uma
escala internacional de acontecimentos nucleares, adoptada em 1991. Chernobyl atingiu, recorde-se, o nível 7 nesta escala!
Existe também na AIEA um «Plano comum de Gestão de Emergências Nucleares», articulando os meios da Agência com outros dez organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde e a OCDE.
Acidentes acontecem, sim e muitas vezes. Em anos recentes, verificaram-se casos mais ou menos graves no Brasil, no Japão, na Suécia, no Reino Unido e em outros lugares. Mas para a História ficarão os acidentes de Tree Mile Island, ocorrido a 26 de Março de 1979 na Pensilvânia, EUA, com fusão parcial da central e fuga de radioactividade para a atmosfera;
E, claro, Chernobyl, no norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia, a 26 de Abril de 1986, com explosão de reactor e fuga de enormes quantidades de radioactividade.
Segundo a ONU, morreram 4 000 pessoas. A GREENPEACE fala de 100 000 no mínimo, juntando os que foram atingidos por cancro e outras doenças por exposição às radiações. Ainda hoje, milhares de quilómetros em volta do perímetro de central nuclear estão interditos à presença humana. A nuvem radioactiva espalhou-se por toda a Europa.
A verdade é que acidentes…acontecem. E sucederam alguns que marcaram a atitude das instâncias mundiais. Estas convenções institucionalizam a obrigatoriedade de qualquer acidente em central nuclear, ou instalação militar com engenhos atómicos, ser imediatamente comunicada junto da AIEA e dos países «afectados fisicamente pelas consequências de um desastre». A regra do silêncio, a ausência de aviso mesmo quando são já muitos os países vizinhos atingidos por uma nuvem radioactiva, foi uma das características do acidente de Chernobyl. A radiação espalhada detectou-se na Dinamarca e Suécia, proveniente da Ucrânia, bastantes horas após o trágico acidente, e mesmo assim só depois disso a governo soviético reconheceu que «alguma coisa» havia de facto ocorrido.
Nos textos aprovados procura-se prevenir o futuro, minimizando eventuais consequências de acidentes que venham a ocorrer. Além do dever de informação atempada, fica assegura a assistência internacional a um país onde tenha ocorrido uma catástrofe deste tipo e são definidas as regras para que essa ajuda seja efectivada, sob coordenação técnica da AIEA.
A Agência dispõe, desde 1989, com um dispositivo de «vigilância permanente» destinado a dar um primeiro alerta internacional. Conta com uma célula que realiza a vigilância de 24 horas diárias a partir da sede da AIEA em Viena, com um efectivo de cerca de 30 especialistas, bases de dados informatizados e equipas de comunicação. Tudo a postos, na verdade, porque um problema— uma tragédia— pode sempre dar-se e será preciso encontrar respostas eficazes e céleres, o que implica um máximo de informação disponível.
Os acidentes nucleares são catalogados em sete níveis de gravidade, por uma
escala internacional de acontecimentos nucleares, adoptada em 1991. Chernobyl atingiu, recorde-se, o nível 7 nesta escala!
Existe também na AIEA um «Plano comum de Gestão de Emergências Nucleares», articulando os meios da Agência com outros dez organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde e a OCDE.
Acidentes acontecem, sim e muitas vezes. Em anos recentes, verificaram-se casos mais ou menos graves no Brasil, no Japão, na Suécia, no Reino Unido e em outros lugares. Mas para a História ficarão os acidentes de Tree Mile Island, ocorrido a 26 de Março de 1979 na Pensilvânia, EUA, com fusão parcial da central e fuga de radioactividade para a atmosfera;
E, claro, Chernobyl, no norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia, a 26 de Abril de 1986, com explosão de reactor e fuga de enormes quantidades de radioactividade.
Segundo a ONU, morreram 4 000 pessoas. A GREENPEACE fala de 100 000 no mínimo, juntando os que foram atingidos por cancro e outras doenças por exposição às radiações. Ainda hoje, milhares de quilómetros em volta do perímetro de central nuclear estão interditos à presença humana. A nuvem radioactiva espalhou-se por toda a Europa.
Berndino Guimarães
em relação às necessidades de água li algures que em portugal, devido a essas necessidades de água, o sitio obvio para a construção de uma central seria perto do douro. confirma isso ou consegue imaginar outros sitios possiveis;
ResponderEliminarem relação às questões de segurança quer queiramos quer não a existência de centrais em espanha já nos expõe a muito desse risco.
Para quando um debate sério sobre este problema na TV? Afinal onde está o serviço público?
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