
Basicamente, trata-se de propor aos cidadãos do mundo a gestão conjunta e racional daquilo que se pode entender como «partes comuns» de toda a Humanidade, como se do condomínio de um prédio de tratasse; todas as nações e povos beneficiam dos serviços que a natureza presta, a atmosfera, a biosfera, a hidrosfera. Aquilo que uns fazem afecta seguramente todos os outros. Porque não, diz-nos o Condomínio da Terra, cuidarmos dessas «partes comuns— das florestas tropicais aos oceanos, que regulam o clima fixando carbono, ou da diversidade de espécies animais e vegetais— com espírito de partilha e de verdadeira vizinhança?

A economia que temos não valoriza o essencial— os sistemas naturais que são o nosso suporte de vida. O direito resiste a considerar soluções jurídicas para tornar eficaz uma nova abordagem dos problemas.

Do encontro de Gaia— que curiosamente evoca a deusa grega que representava a Terra, Gaya--saiu a versão final da Declaração da Gaia, um apelo mundial à cidadania planetária, que todos podem subscrever clicando em http://www.condominiodaterra.org/
Alguém disse: «Nada no mundo tem mais força do que uma ideia cujo tempo tenha chegado.» É capaz de ser o caso. De qualquer modo, uma ideia positiva e mobilizadora, optimista sem deixar de ver a gravidade e grandeza dos problemas a enfrentar, numa época de desalento e de conformismo, de «apagada e vil tristeza» traduzida em crises sucessivas e impasses entediantes.
2) Como dissemos em anterior crónica, cumpriu-se a destruição do coberto arbóreo da Escola Filipa de Vilhena, no Porto, na sequência de outras razias arboricidas feitas em nome da «modernização das escolas». Regista-se, lamenta-se e chama-se a atenção para os «próximos episódios» --que há outras escolas à espera de intervenção. A verdade é que se trata de um padrão, efectivado pela Parque escolar SA— densificação brutal das construções dentro dos recintos escolares, anulação ou diminuição do espaço livre e das árvores— entendidas estas como «adorno» dispensável.
Mas podia ser de outro modo, essa «modernização» tão incensada; assim
houvesse vontade e criatividade. O «pensamento único» não deve levar a considerar inevitável o que é apenas uma perspectiva entre outras. Legítima com certeza. Errada e lesiva na opinião do cronista e, creio bem, de quem não se conforma com a destruição de uma parte das árvores que restam na cidade e que tanta falta nos fazem.
Bernardino Guimarães
(Crónica publicada no Jornal de Notícias, 7/7/09)
Felicito o Bernardino pela abordagem exposta e pela forma como o fez, dando a entender, ao mais leigo no assunto, toda a realidade que se vive neste mundo que cada vez mais é nosso e cada vez menos de cada um!
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