Grande Porto produz anualmente 7,3 toneladas de CO2 por habitante
17.07.2009 - 10h00 Jorge Marmelo
Está concluído o primeiro inventário às emissões poluentes de gases com efeito de estufa na Área Metropolitana do Porto (AMP). Os resultados do estudo realizado no âmbito de um projecto que integra mais 18 regiões metropolitanas, de 12 países europeus, foram ontem apresentados e revelam que, em 2004 (o ano de referência internacionalmente estipulado para o efeito), a AMP produziu um total de 12.144,80 quilotoneladas de dióxido de carbono (CO2), o que significa que cada habitante da região é responsável pela emissão de 7,3 toneladas daquele gás.De acordo com os responsáveis pelo estudo, os valores registados na AMP - calculados com base em dados do Instituto Nacional de Estatística e da Direcção-Geral de Energia, com recurso a um modelo que segue uma metodologia semelhante à adoptada pela Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas - são os mais baixos entre os países abrangidos pelo projecto, equivalentes aos de Oslo ou Nápoles, mas, fazendo a análise pelo volume de emissões per capita, a região está num patamar semelhante ao de Helsínquia e Bruxelas e abaixo da média nacional. Segundo a investigadora Sara Dourado, da Euronatura, entidade responsável pelo estudo, a densidade populacional, a prevalência de indústrias pouco poluentes e a fraca importância da agricultura na economia da região podem estar na origem desta prestação.Os resultados do estudo apontam para que, dos seis gases com efeito de estufa fixados pelo Protocolo de Quioto, o CO2 seja aquele que prevalece largamente (91% do total das emissões), sendo o sector energético responsável por 92% da poluição atmosférica. Os transportes são responsáveis pela fatia mais significativa da combustão, distribuição e transformação de energia, com 45% do total, seguidos pela indústria (25%) e pelo vector residencial (11%). Redução para duas toneladas até 2050Apesar do baixo nível das emissões registadas na AMP, o administrador executivo da Junta Metropolitana do Porto, Emídio Gomes, adiantou que a região persegue o objectivo, "muito ambicioso", de chegar a 2050 com emissões de apenas duas toneladas de CO2 per capita. Este responsável considerou, aliás, que a questão ambiental é "central" nas preocupações da AMP, uma vez que, disse, existe a "convicção estratégica" de que, no futuro, as regiões ambientalmente mais equilibradas serão as mais competitivas e capazes de atrair investimento qualificado.Para atingir este objectivo e a ambição de "ser uma região melhor", o estudo agora apresentado deverá ter continuidade já a partir de Setembro, caso venha a ser aprovado o programa comunitário respectivo. Segundo Rita Sousa, directora da Euronatura, as próximas fases do processo passarão pela identificação e contacto com os principais agentes de cada um dos sectores identificados no inventário como sendo os principais emissores de gases com efeitos de estufa, sendo posteriormente elaborados cenários e testadas medidas que possam ter efeitos consistentes na redução das emissões. Numa terceira fase do projecto, as medidas preconizadas pelos autores do estudo deverão ser aplicadas e disseminadas, tendo Emídio Gomes afirmado o "total empenhamento" de todos os 16 presidentes de câmara da AMP com os objectivos estabelecidos, estando já em vigor medidas de monitorização de sectores comparativamente menos importantes, como, por exemplo, a agricultura.
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