terça-feira, agosto 25, 2009

ILUSTRAÇÃO/NATUREZA

A Ilustração, científica e artística da Natureza em Portugal, acompanhou sempre a evolução das Ciências Naturais e em particular da Zoologia e da Botânica.
Em tempos onde faltava a fotografia, o desenho e a pintura eram as melhores formas de ilustrar os trabalhos científicos e os de divulgação.
Por isso foi tão importante a contribuição dos artistas /naturalistas para o êxito e proveito das grandes expedições científicas, que procuravam explorar as fantásticas novidades de fauna e flora de além-mar, como as que o príncipe D. João impulsionou para conhecimento da Natureza nas colónias e, muito antes, a obra «História dos Animais e Árvores do Maranhão» (1624) de Frei Cristóvão de Lisboa, e esse verdadeiro tratado da vida selvagem do Brasil que foi a « Historiae Naturalis Brasiliae» de Guielmi Pisoni e Jorge Marcgravi, densamente ilustrada ( 1648).Destas expedições de naturalistas enviados pelo Príncipe D.João, no final do séc. XVIII, acompanhados já de ilustradores famosos, resultaram entre outros trabalhos o magnífico «Desenhos de Gentios, Animais Quadrúpedes, Aves, Amphíbios, Peixes e Incetos da Expedição Philosofica do Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuyabá», de Alexandre Rodrigues Ferreira, em colaboração com os ilustradores Joaquim José Codina e Joaquim Freire. Esta equipa passou 9 anos percorrendo o Brasil, na que ficou conhecida como a «Viagem Philosofica». O século XIX trouxe consigo o aprofundamento da investigação, nomeadamente nas colónias africanas. O mais conhecido naturalista português da época— e talvez de todos os tempos— José Vicente Barbosa du Bocage— organizou as grandes colecções de animais e plantas naturalizados que lhe eram enviados pelos seus correspondentes em África e em outros pontos. Foi responsável pela colecção do Museu Zoológico de Lisboa, do qual foi Director e do seu trabalho em cooperação com muitos outros resultaram obras de referência como «Ornithologie de Angola.» Mas seria injusto falar da ilustração de Natureza em Portugal sem referir o trabalho continuado e multifacetado do Rei D. Carlos, penúltimo Rei da Monarquia Portuguesa, assassinado em 1908.
Marcou, com a sua paixão pela Ciência e em particular pela Zoologia, o final do séc XIX. É conhecido o seu empenho na investigação da vida marinha, deixando inúmeros trabalhos e colecções nesse domínio que o interessou desde sempre. Também não se pode ignorar o nome de Carlos de Bragança no desenvolvimento da Ornitologia, ou estudo das Aves, no nosso país, que fomentou como ninguém. Caçador exímio, foi enriquecendo as colecções de aves conservadas no Museu de Lisboa. Ele próprio pintor e ilustrador, organizou com a ajuda do seu colaborador Enrique Casanova— autor das aguarelas originais— o monumental «Catálogo Ilustrado das Aves de Portugal», representando cerca de 300 espécies. Ainda hoje essa obra é uma referência fundamental, e a sua publicação, iniciada em 1883 e cujos primeiros dois volumes foram publicados pela Imprensa Nacional ainda em vida do autor e com várias edições mais completas já recentes, foi um marco indelével para todos os que amam as Aves e o património natural português.
Bernardino Guimarães
(Um pequeno apontamento, subsídio para um trabalho que o Peregrino gostaria de aprofundar devidamente…)

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