domingo, dezembro 13, 2009

SINOS TOCAM PELO CLIMA

Serão dezenas de milhar, talvez centenas de milhar os sinos que, às três da tarde de amanhã (duas da tarde em Lisboa) se juntarão aos que pedem que haja decisões sérias na Cimeira de Copenhaga: todas as igrejas católicas, ortodoxas, protestantes e anglicanas do mundo estão convidadas a aderir a este repicar de sinos pelo clima. E todos os cristãos podem juntar-se, com apitos, sinos, tambores ou outros instrumentos.
Serão 350 toques. Tantas vezes quantas as partes por milhão de dióxido de carbono na atmosfera que os cientistas consideram o limite seguro para o planeta e para os seres humanos.O toque dos sinos na tarde de domingo não pretende anunciar uma chegada prematura do Natal, mas apelar à oração e à acção para responder às alterações climáticas, escreve Peter Kenny no serviço noticioso do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), uma das entidades promotoras da ideia. Na Alemanha, a Igreja Evangélica da Epifania, de Hamburgo, irá tocar 350 tambores durante o seu concerto de Advento. Em Portugal, a diocese do Algarve anunciou já que os sinos das suas paróquias irão tocar em favor do clima, depois de uma reunião do clero da diocese ter decidido apoiar a iniciativa. Cáritas e Fundação Evangelização e Culturas são duas das entidades que dinamizam a acção no país. A escolha do dia de amanhã assinala o facto de a Cimeira de Copenhaga entrar agora na segunda e decisiva semana de trabalhos, quando se espera a participação da maior parte dos líderes mundiais – incluindo o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. As várias organizações religiosas envolvidas na iniciativa querem que os participantes filmem os seus toques, prometendo que os melhores vídeos entrarão num anúncio que pretende documentar este momento. Uma das entidades promotoras da iniciativa, a CIDSE, Rede Católica de Agências de Desenvolvimento, contabilizava já mais de 2400 paróquias católicas aderentes em 24 países. Mas aqui não entravam paróquias protestantes ou anglicanas, por exemplo, maioritárias em países do Norte da Europa. “Não é possível falhar em Copenhaga, dado que o novo pacto global sobre o clima é o acordo político mais vital que o mundo já viu”, diz a CIDSE, numa tomada de posição sobre a iniciativa. O dia de pressão religiosa em Copenhaga começará às 11h30. Nessa altura, o arcebispo Desmond Tutu, Prémio Nobel da Paz, fará entrega de uma petição internacional dinamizada pelas mesmas organizações que promovem o repicar dos sinos. Yvo de Boer, secretário executivo da Convenção da ONU sobre Alterações Climáticas, estará a receber o documento. Tutu estará acompanhado de cinco mil representantes de quase 200 países. Guillermo Kerber, do programa executivo do CMI, afirma que muitos crentes relacionam o “cuidado pela criação” com uma profunda questão ética e espiritual, além das “implicações políticas relacionadas com o bem comum.”Em Novembro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse a um conjunto de líderes religiosos da Aliança das Religiões pela Conservação que eles estavam numa posição única para forçar a mudança da vontade política, apelando aos crentes a pedirem mudanças efectivas: “Vocês podem inspirar, provocar, desafiar os vossos líderes políticos, através da vossa sabedoria e através dos crentes.”

Sem comentários:

Enviar um comentário