sexta-feira, janeiro 08, 2010

A CRISE DA BIODIVERSIDADE AMEAÇA A HUMANIDADE A CURTO PRAZO, DIZ HUBERT REEVES

05.01.2010AFP e Público
O desaparecimento acelerado da vida animal e vegetal será uma ameaça para a humanidade nas próximas décadas, alerta o astrofísico Hubert Reeves, numa altura em que a ONU proclamou 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade.
“A ameaça coloca-se à escala de algumas décadas, no máximo”, salienta numa entrevista à agência AFP o astrónomo de 77 anos, grande defensor do Ambiente.“Actualmente já vemos a degradação das terras a grande velocidade, por causa dos pesticidas e tratamentos excessivos para eliminar insectos”, acrescenta.Mas não só. Cada vez mais “estamos a esvaziar os oceanos”.Se não fizermos nada, dentro de “dez, 20 ou 30 anos no máximo poderemos a perguntar o que vamos comer hoje”, adverte.Segundo a União Internacional para a Conservação (UICN), organismo de referência em matéria de biodiversidade, metade das espécies de mamíferos está em declínio e um quarto está ameaçada de extinção.“Tenho filhos e netos e muitas vezes temo por eles: em que mundo vão eles viver?”, questiona Reeves.Este astrofísico diz-se “muito preocupado” com o futuro: “Ninguém pode dizer como será este planeta dentro de 30 anos. Tudo depende das decisões que forem tomadas agora”.Contudo, até ao momento, as palavras parecem suprimir os actos. Durante a cimeira da Terra em Joanesburgo, em 2002, os líderes mundiais comprometeram-se a “abrandar significativamente” até 2010 a perda de biodiversidade.“Os últimos resultados não só mostram que não conseguimos parar nada como também a situação se continua a agravar cada vez mais rapidamente”, constata. “Estamos todos no mesmo barco, ameaçado de naufragar. É preciso reagir de forma global à escala da humanidade”, apela.Reeves evoca o início da “tomada de consciência planetária” da crise e espera que um “IPCC [Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas] da biodiversidade” seja criado este ano.Mas o que pode o simples cidadão fazer? Pode “reduzir o consumo de carne”, cuja produção é muito mais gastadora de recursos do que a produção de vegetais, sugere.

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