É costume fazer-se nesta altura do ano o balanço dos últimos 365 dias, agora que o Inverno começa e se celebra o Natal da fraternidade e da reflexão.
Não sei se um tal hábito aproveita muito à preparação de um novo ano, como as resoluções para futuro, em forma de lista de intenções, acabam muitas vezes esquecidas poucos dias depois; mas talvez valha a pena pensar o que foi este 2010 terrível em tantos aspectos. Foi certamente o ano de todas as crises, no que aliás continuou o ano anterior, cheio de sustos bolsistas e privações reais para a maioria.
Para o Ambiente, 2010 foi o ano internacional dos impasses e das grandes promessas não cumpridas. Alguém duvida? Bastará ver que a comunidade das nações se revelou incapaz de realizar alguma coisa de sólido contra dois dos principais problemas da «crise ecológica», a saber as alterações climáticas e a perda de espécies. Quanto ao clima, e depois da desilusão de Copenhaga há um ano, fez-se Cancun— uma estância turística mais amena— para confirmar o fracasso; não se foi além de umas tépidas considerações gerais e da criação de um Fundo Verde para apoio aos países mais pobres, além de uma quase patética resolução empenhando a vontade dos estados no objectivo de não «deixar» o clima global aquecer mais de 2 graus!
A biodiversidade— que era o mote de 2010 como meta temporal para travar o desaparecimento das formas de vida, animais e vegetais--- também teve o selo da inépcia e do derrotismo. Em outra conferência mundial, concordou-se em discordar sobre quase tudo, excepto quanto à gravidade desta «crise das extinções» – e na fixação de outra meta para estancar a sangria: 2020.
Este quadro pouco animador, ou mesmo deprimente, fica a dever-se, em parte, à situação de grave crise económica internacional, que desvia as atenções dos dirigentes para o imediatismo das aflições financeiras. Também a «ecologia» da política mundial se revela hoje favorável às abordagens economicistas e monetaristas, que negam a solidariedade internacional entre os povos— mesmo na Europa cuja base e sentido era precisamente essa solidariedade, agora esquecida— e recusam ver nos sinais de desgaste da Natureza uma ameaça bem concreta, capaz de pôr em causa o futuro das próximas gerações.
Por todo o lado, o liberalismo «salta» de novo como solução— alguns verão facilmente nessa ideologia, grande parte do problema— e assim como prega e impõe a desvalorização do trabalho como túnel de saída da crise, igualmente entende que as preocupações ecológicas são um «luxo» ao qual não se pode ceder: e assim temos mais pobreza e ambiente mais degradado pela certa, receita explosiva e lamentável, verdadeiro retrocesso. De onde se observa a Europa (e todo o Ocidente) a resvalar gradualmente para o modelo económico/social/ambiental que se atribui à China do capitalismo selvagem, em vez de acontecer o contrário, como seria desejável para «civilizar» a globalização.
Mas estes desabafos não se destinam a ajudar o peditório do desalento— o futuro, bem o sabemos, sempre escapa às nossas pretensiosas profecias. Depende de cada um de nós— mesmo que pouco, mesmo que só uma gota de vontade no oceano— decidir o que quer e o que quer fazer. Essa liberdade ainda não nos foi retirada e o mundo «é composto de mudanças» --nem todas más, necessariamente!
Reagir a este estado de coisas e fazer emergir de novo uma agenda ambiental realista é tarefa para 2011— na cidade, na Área Metropolitana, no país e no mundo.
Que um certo «optimismo da vontade» possa vencer o negrume do «pessimismo da razão» que nos cerca, pesada e tristemente dominador!
Bernardino Guimarães
( Crónica publicada no JN em 21/12/2010)
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sexta-feira, dezembro 31, 2010
quarta-feira, julho 21, 2010
VERDES ANOS
Está para se ver o que deixará de perene, este que é o « Ano Internacional da Biodiversidade». Será 2010 o ano da viragem, nesta matéria tão fundamental?
Os anos temáticos—e há mais temas do que anos, pelo que cada ano suporta diversas intenções muito diversas, algumas praticamente ignoradas pelo comum dos mortais—não têm, nem podem ter, o condão de mudar as coisas. Significam uma chamada de atenção, por vezes realçada mediaticamente, que pode, talvez contribuir para a geral tomada de consciência da importância de um problema, de um objectivo. Ou apenas uma marca no calendário?
No caso da biodiversidade, dedicar-lhe este ano foi ideia presa a uma meta: 2010 seria o ano em que se conseguiria travar a perda de espécies animais e vegetais no mundo, e na Europa o assunto assumiu foros de prioridade. Já se sabe que tal objectivo não foi alcançado, e assumido o fracasso, remeteu-se para as calendas gregas a ambição de deter aquela que é considerada a nova « era das extinções» tão dramática é a erosão da diversidade da vida e destruição da Natureza.
Entretanto, a crise financeira desviou as atenções e mudou as agulhas—erro de que aqui temos falado, bem grave por sinal, assumindo-se que a crise que empobrece o planeta que habitamos, e os recursos de que dependemos, é menos séria e ameaçadora do que a doença dos mercados e a febre alta das bolsas. Como se não houvesse relação entre ambas as crises—mas isso são contos ( mais) largos!
A perda de espécies é diária e contínua. Biodiversidade é um termo—muito recente mas destinado à fama—que quer dizer diversidade de espécies do mundo vivo, variabilidade genética nas espécies e diversidade de ecossistemas, meios biofísicos onde as espécies vivem e interagem. A taxa de extinções é difícil de calcular—e por vezes é discreto o seu desaparecimento. Soube-se da extinção declarada há semanas de um subespécie de rinoceronte em África, mas quem dá pela ausência de um insecto, de uma modesta planta de montanha, de uma variedade local de um cultivo, seja árvore de fruto, hortícola ou cereal?
É o nosso futuro que está em causa. Os oceanos esvaziam-se, as paisagens tornam-se cada vez mais iguais umas às outras, o que comemos é o mesmo em todas as latitudes. O mundo uniforme e escasso em variedade é um mundo pobre, aborrecido…e perigoso!
Enfrentar a crise da biodiversidade é tarefa urgente também nas cidades. O primeiro passo a dar é saber o que existe. O inventário da vida deveria ser instrumento de cada município. Que se saiba, só Vila Nova de Gaia o está a fazer no Grande Porto—e já se detectaram no concelho bem mais de 2300 espécies, plantas e animais, terrestres e marinhas, dando conta do património que há e que é preciso salvaguardar.
Só que salvar essa herança implica mudanças de vida—deixar à natureza espaço, incluir a biodiversidade nos planos municipais e nas rotinas, e talvez, por exemplo, optar: ter menos parques de estacionamento e menos asfalto para ter mais parques verdes e áreas naturais. Essa mudança é necessária, porque, ajudando a salvar a diversidade das espécies e tudo o que isso vale, se melhora o « habitat» humano e a qualidade de vida das pessoas. De onde a Natureza desertou, é regra que a vida e actividade dos homens deixa a prazo de ser possível. Cabe-nos escolher: podemos ter de abdicar de mais uma rotunda ou troço de auto-estrada para termos natureza e vida diversificada nas cidades. Não será grande o sacrifício!
Com ou sem Ano Internacional, o futuro das espécies, que influencia o nosso humano futuro, é e será, a par das alterações climáticas, um problema central do nosso tempo!
Bernardino Guimarães
( Crónica publicada no Jornal de Notícias, 20/7/010)
sábado, julho 17, 2010
VIDA DIVERSA
A prova de que a biodiversidade ( diversidade das espécies animais e vegetais, mais variabilidade genética das espécies, mais a diversidade dos ecossistemas), a prova de que esse conceito deveria ser mais considerado na vida social e económica, é afinal esta: quando a vida silvestre deserta e desaparece de um local, de um ecossistema, isso geralmente implica que o meio se tornou hostil também para o homem e nele a vida e actividades humanas deixaram de ser possíveis. Tomemos um rio, antes pujante de vida e de variedade, rico e capaz de gerar equilíbrios que perpetuam a vida; e pensemos nesse rio a partir do momento em que se torna contaminado, poluído. O oxigénio rareia, as plantas aquáticas deixam de existir, altera-se a cadeia alimentar porque vários elos dessa cadeia simplesmente se extinguem. A água turva deixa de poder albergar muitas formas de vida, desde os micro-organismos até aos peixes e anfíbios; os insectos são afectados e apenas sobrevivem algumas espécies muito adaptativas e resistentes, que proliferam, assim como algumas plantas e organismos simples, como bactérias, que tomam o lugar dos habitantes tradicionais desse rio hipotético. A prazo, deixa de haver condições para que os seres humanos aproveitem o curso do rio para seu benefício, como certamente antes faziam: nem prática balnear, nem pesca, nem observação e fruição da paisagem, muito menos utilização das águas, agora sujas e letais. Nem sequer passeio nas margens que foram talvez bucólicas e repousantes, pois é provável que produtos químicos poluentes e bactérias se encarreguem de fazer sentir um odor pouco recomendável. Resumindo, o rio morto de vida, de biodiversidade, morto está para a vida dos homens.
E assim poderíamos continuar, qualquer que seja o tipo de meio que quisermos considerar.
Das espécies selvagens nasceu a agricultura, que ainda hoje precisa do potencial genético silvestre para enriquecer e fortalecer os cultivos cada vez mais uniformes que asseguram a nossa alimentação. E muitas plantas do monte ou da selva, discretas ou faíscantes de beleza, são ou serão a base dos medicamentos de que nos servimos.
Já nem se fala da beleza—de que necessitamos cada vez mais, e que só a Natureza nos empresta e renova, do valor da paisagem que é difícil contabilizar, da importância cultural e estética e ética da preservação da vida que nos acompanha nesta viagem fascinante e complexa na « Nave Espacial Terra.»
Sem biodiversidade, a nossa sociedade empobrece. Os insectos polinizadores, que garantem o êxito da agricultura, os vermes que enriquecem os solos e os regeneram, as árvores que capturam dióxido de carbono e devolvem oxigénio, a vida marinha e todos os seus recursos vivos, tudo isso e muito mais não pode ser considerado coisa adquirida, que sempre teremos. A destruição da Natureza implicará sem dúvida um mundo mais pobre, mais duro e mais estéril.
Também nas cidades precisamos da biodiversidade e de a valorizar. Mas este assunto está na cabeça de quem nos governa e administra a cidade? Deveria estar no centro de uma estratégia para as cidades, mais em harmonia com a Natureza e por isso mais amigáveis para quem nelas vive e trabalha.
Bernardino Guimarães
( Crónica na Antena 1, em 15/7/010)
quarta-feira, maio 26, 2010
O REGRESSO DAS LONTRAS
1) O Febros - rio que corre no meio dos 35 hectares do Parque Biológico de Gaia e que nasce em Seixozelo e termina em Avintes – conta de novo com a presença de um seu notável hóspede, há muitos anos ausente, a lontra. Este mamífero carnívoro tinha sido assinalado, pela última vez no Febros nos idos 1987.
Um macho desta simpática espécie foi capturado acidentalmente junto a um cercado onde estão quatro outras lontras para criação em cativeiro. Devolvido à Natureza, talvez não seja já indispensável a reintrodução de lontras pela mão do Homem— a espécie encarregou-se de reocupar o lugar que foi seu, o que atesta por outro lado a razoável qualidade das águas do rio e o bom estado do seu ecossistema, ainda há pouco tempo afectado por contaminação acidental.
Se as lontras sempre ali estiveram, ocultas e evitando os olhares humanos, ou se recolonizaram o Febros através dos meandros da bacia do Douro, é coisa que não se sabe. Mas que é uma bela comemoração do Ano Internacional da Biodiversidade (e do dia 22 de Maio que foi dedicado ao tema) — lá isso é!
Este regresso devolve-nos a esperança necessária para encararmos a possibilidade de uma certa recomposição da Natureza, mesmo dentro dos perímetros urbanos, caso para isso haja vontade e determinação.
A biodiversidade, a diversidade de formas de vida, não pode ser muleta de discursos vazios. A Natureza não é uma abstracção, nem sequer o refúgio conceptual onde se reciclam, na teoria, algumas más consciências. Trata-se de garantir o nosso futuro ligado— como sempre esteve— ao futuro das outras espécies. Um rio que esteja morto para as lontras estará morto para nós, mais tarde ou mais cedo. Uma teia subtil e complexa, cada vez mais entendida pela ciência, envolve aquilo que são as nossas próprias, humanas, condições de vida. Progredir será então o avanço que conseguirmos na compreensão do nosso lugar na Natureza, em busca de uma outra relação com os tais «recursos naturais» que são finitos e esgotáveis e por isso devem ser geridos com parcimónia e inteligência.
2) A Quercus chamou recentemente a atenção, para «a existência de perigo para o ambiente e para a saúde pública, resultante da aplicação de herbicidas dentro dos perímetros urbanos e em diversas estradas, situação que ocorre com frequência diária em dezenas de concelhos de todo o país».
Considerando que o uso de herbicidas se encontra em Portugal fora de qualquer controlo, a Quercus assinala que «foram detectados e denunciados a esta Associação diversos casos de envenenamento acidental de animais, de contaminação de linhas de água e de desrespeito pelas normas básicas de segurança na aplicação destes produtos químicos.»
No comunicado que divulgou a associação ambientalista, informava-se que três compostos químicos são os mais usados como herbicidas, a saber o Glifosato, o Glifosinato de amónio e o Paraquat, todos com elevado potencial de risco para a saúde humana e a biodiversidade.
Este problema não é novo e sabe-se que muitas entidades, incluindo autarquias no tratamento de espaços verdes, limpeza de bermas de estradas e operações afins, usam e abusam destes compostos perigosos. Existem— e a Quercus salienta esse facto— métodos alternativos para o controlo de vegetação herbácea/ arbustiva e daí o apelo aos autarcas para que revejam esta situação.
Não deixa de ser preocupante que os nossos jardins possam ser, afinal, tóxicos e impróprios para a biodiversidade…e para as pessoas! Paradoxo lamentável que uma «jardinagem ecológica» e mais «natural» pode ultrapassar. Ficaremos todos a ganhar com isso!
Bernardino Guimarães
( Crónica publicada no Jornal de Notícias, 25/5/010)
sexta-feira, abril 30, 2010
PERDA DE BIODIVERSIDADE NÃO DIMINUIU
em Diário de Notícias, Ciência, hoje Em 2002, os líderes mundiais comprometeram-se numa cimeira da Convenção da Biodiversidade a diminuir até 2010 o ritmo da perda da biodiversidade no planeta. No entanto, vários sinais apontam no sentido de que essa meta não foi cumprida. Agora, um grupo de investigadores fez uma avaliação global, com base num conjunto de 31 indicadores, e verificou que o ritmo das perdas não só não abrandou como as pressões até aumentaram. O estudo é publicado hoje na Science. A equipa coordenada por Stuart Butchart reuniu 31 indicadores (que constam da própria convenção), como o cálculo do número de espécies, a dimensão das populações, a taxas de desflorestação ou as acções de conservação em curso e estudaram o período de 1970 a 2005, segundo esses parâmetros.
Os resultados mostram um declínio crescente da biodiversidade e também um aumento dos factores de pressão ambiental a nível global. Apesar de alguns casos de sucesso na conservação de algumas espécies e ecossistemas, a equipa não encontrou indícios de que a taxa de perda de biodiversidade tivesse abrandado.
sábado, abril 24, 2010
ADMIRÁVEL MUNDO DESCONHECIDO--NOVAS ESPÉCIES EM BORNÉU
no Diário de Notícias, Ciência, ontem
WWF divulgou descobertas e apelou à sua protecção
Ao todo são 123 espécies novas descobertas em apenas três anos. Entre elas estão uma rã sem pulmões, que respira apenas através da pele, uma outra que se lança em altos voos no espaço, ou ainda uma lesma que atira setas de amor como Cupido, para injectar hormonas no parceiro a fim de aumentar as capacidades de reprodução. São apenas a ponta do icebergue de toda a riqueza e enorme diversidade biológica que caracterizam o Bornéu, a ilha tripartida entre a Indonésia, Malásia e o Brunei, no mar do Sul da China.
O anúncio das descobertas foi feito ontem pela organização ambientalista internacional WWF, que tem mantido nos últimos anos missões de investigação na ilha para ali estudar novas espécies e que aproveitou o Dia Mundial da Terra para apelar aos três países para agirem com determinação no sentido de garantirem a protecção da biodiversidade no Coração do Bornéu.
"Sabemos que é impossível para os três governos não desenvolverem na ilha actividades mineiras, florestais ou de plantação de palmeiras [para exploração do óleo de palma]" esclareceu Adam Tomasek, responsável pelo programa "Coração do Bornéu" na WWF . E sublinhou: "O que pedimos é que se estabeleça um equilíbrio entre a preservação e um desenvolvimento durável, para se proteger esta zona única para as gerações futuras."
Foi no Coração do Bornéu, uma vasta região de densas florestas com 220 mil quilómetros quadrados e que os três países acordaram em proteger em 2007, que os biólogos da WWF descobriram as novas espécies e onde continuam regularmente a fazer investigação. Ali se abrigam pelo menos 10 espécies de primatas, 350 de aves, 150 de répteis e anfíbios, além de 10 mil espécies distintas de plantas que são exclusivas daquele habitat e, portanto, únicas em todo o mundo.
"Descobrimos ali três novas espécies por mês, ao longo dos últimos três anos e pelo menos 600 desde há 15 anos", adiantou Adam Tomasek, notando que "as novas descobertas mostram a riqueza e a biodiversidade do Bornéu e permitem esperar mais novidades, algumas susceptíveis de contribuir para futuros tratamentos nas áreas do cancro ou da sida".
Uma das principais causas de desflorestação no Bornéu é a indústria do óleo de palma, e a Indonésia e a Malásia juntas são responsáveis por 85 por cento da produção mundial.
terça-feira, abril 06, 2010
ESPERANÇA
Diário de Notícias hoje
É um regresso histórico. As chitas estão a voltar ao Sul de Angola, após décadas de ausência de um país devastado por 27 anos de guerra civil. A feliz novidade foi anunciada pelo fundo de conservação das chitas, o CCF.
"Estive no Sul de Angola à procura de vestígios da presença de chitas e ficámos maravilhados por encontrarmos dois espécimes", disse a investigadora daquele fundo, Laurie Marker, citada pela AFP.
Foi na província do Namibe que os felinos foram avistados, na zona do maior e mais antigo parque nacional de Angola, praticamente abandonado durante a guerra civil.
"O regresso da fauna selvagem é um benefício enorme para o país e para a biodiversidade de uma forma geral", sublinhou, estimamdo que possa ter igualmente um impacto positivo no turismo, praticamente inexistente em Angola.
O Ministério do Ambiente de Angola tinha anunciado em Janeiro a intenção de fazer de 2010 o Ano da Biodiversidade, através da recuperação de parques nacionais e da criação de novas zonas protegidas para as espécies selvagens.
No ano passado, os investigadores do CCF descobriram três palancas-negras, uma espécie particularmente ameaçada que só existe em Angola. Aquele antílope é mesmo o símbolo do país e dá nome à respectiva selecção de futebol.
quarta-feira, março 24, 2010
BIODIVERSITY4ALL--BIODIVERSIDADE PARA TODOS JÁ ONLINE
em Portal Naturlink http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=16907&bl=1
O projecto BioDiversity4All - Biodiversidade para todos está a criar uma base de dados online (www.biodiversity4all.org) sobre a Biodiversidade em Portugal, fundamentada na participação activa da sociedade civil e da comunidade científica.
O BioDiversity4All cria a possibilidade de todos contribuírem com registos de observações de plantas, animais e fungos e de usufruírem dessa informação, segundo o conceito Web 2.0, através de um site fácil e divertido de utilizar e explorar.
Assumindo-se como uma plataforma aberta de ligação entre o público e a comunidade científica, permite criar diversos benefícios para a sociedade - O facto de não conhecermos o que nos rodeia distancia-nos da necessidade e importância de conservar e de interagir com a Natureza de uma forma sustentável.
Constituir uma base de dados pública e permanentemente actualizada com informação sobre a Biodiversidade nacional só será possível pela canalização da informação já existente em diversos projectos e associações específicas, bem como pela angariação da colaboração do público. Se unirmos todos estes grupos através de uma rede de colaboração para um fim comum, o resultado será bastante superior à soma das partes.
É necessária a colaboração de todos! Assim, cada vez que inserir um registo de observação no seu perfil pessoal do BioDiversity4All estará a contribuir para o conhecimento da Biodiversidade nacional e para a sua divulgação.
segunda-feira, março 22, 2010
BIODIVERSIDADE: ESPECIALISTAS ALERTAM PARA AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO DAS ESPÉCIES
20.03.2010
Lusa, Elsa Cláudia Alves
Especialistas alertam para o agravamento do risco em que se encontram algumas espécies, depois de os ministros europeus do Ambiente terem esta semana adiado em uma década o objectivo de deter a perda de biodiversidade na UE.
Apesar do alerta, os especialistas em ambiente contactados pela Lusa mostraram-se pouco surpreendidos, considerando que o adiamento da meta, que apontava para 2010, era previsível.
“Do ponto de vista da conservação da natureza e da biodiversidade, adiar objectivos é sempre dramático porque a situação é já muito má”, mas “era previsível”, disse à Lusa Helena Freitas, professora da Universidade de Coimbra.
A especialista defendeu que as ameaças à biodiversidade nesta década são “particularmente importantes” devido à questão demográfica, quando se espera que nesta geração a população mundial aumente de seis para oito biliões. O acréscimo da procura de alimentos vai implicar a transformação de territórios ainda mantidos para a conservação da natureza.
Já Margarida Santos Reis, professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, reforçou a constatação de que “falhou” a integração dos diferentes eixos: do conhecimento, da tecnologia e da cultura.
Em Portugal, assistiu-se a “tentativas muito fracas” de subsidiar projetos sobre biodiversidade e “há alguns casos de sucesso”. Porém, “a situação está a agravar-se”, segundo a presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Alexandra Cunha.
“Não serve de nada dizer que se quer fazer e não avançar com mecanismos específicos, metodologias e instrumentos” para defender a biodiversidade, referiu.
“Está tudo por fazer”, apontou por seu lado Helena Freitas, que listou instrumentos necessários, como a estratégia nacional da conservação da natureza e biodiversidade, “em revisão há bastante tempo”, ou a criação de um centro de recursos nacionais para as variedades agrícolas.
Hélder Spínola, da Quercus, referiu que “os governos continuam a [definir] as opções sem ter em conta os impactos na biodiversidade”. Um dos exemplos da dissonância entre as intenções e a concretização é o plano de construção de 10 barragens, positivo porque se trata de apostar em energia renovável, mas que vai contribuir para uma maior perda de biodiversidade.
Alguns projectos “não tinham de deixar de acontecer para que se protegesse a biodiversidade, bastaria procurar áreas para a sua implementação que não coincidissem com os espaços definidos a nível nacional e europeu” para a preservação da natureza, salientou Hélder Spínola.
E cada vez é mais importante os responsáveis governamentais perceberem que “a preservação dos recursos naturais é a base de qualquer sustentabilidade económica dos países”, como realçou Helena Freitas.
Os ministros europeus do Ambiente decidiram na segunda-feira adiar, em uma década, o objectivo a que se haviam proposto, de deter o desaparecimento da biodiversidade na União Europeia até 2010.
A falta de instrumentos, a aplicação incompleta das normas sobre espaços protegidos e a insuficiente integração da biodiversidade nas outras políticas tornaram impossível cumprir o objectivo de parar com a extinção de espécies até ao corrente ano, como fora combinado na Cimeira de Gotemburgo (Suécia) em 2001.
quarta-feira, março 17, 2010
UNIÃO EUROPEIA FALHA META DA BIODIVERSIDADE
Diário de Notícias, 16/3/010
Deveria cumprir-se este ano, mas o Conselho de Ministros do Ambiente da União Europeia (UE) e o comissário para aquela área, Janez Potocnick, foram obrigados a reconhecer que a meta dos 27 para a biodiversidade no espaço europeu falhou. "Não cumprimos o nosso objectivo para 2010", admitiu ontem, em Bruxelas, o comissário Potocnick, notando: "Não podemos repetir o erro."
O erro dos 27 da UE foi não terem posto em prática planos para travar a perda de biodiversidade no espaço europeu, como se tinham proposto para esta altura. O Conselho de Ministros adiou assim para 2020 a concretização dessa meta e solicitou à Comissão Europeia um plano de acção.
segunda-feira, março 08, 2010
TIGRES E ABELHAS
Que interesse tem— dirão muitos— saber que já só existem cerca de 3000 tigres no mundo, distribuídos por vários países asiáticos e que o seu número não cessa de diminuir? Ou que um terço das espécies de anfíbios está em perigo crítico de extinção?
Para quem não tenha, dentro de si, e forte, o amor pela Natureza e pelas criaturas silvestres, que importam estas notícias de alarme?
Podemos viver sem tigres, é certo. O maior dos felinos, que povoou os sonhos do escritor Jorge Luís Borges e do pintor Dali, e deu cor e alma a uma das personagens maravilhosas do Livro da Selva de Kipling, está perto da derradeira hora.
A sua beleza, o seu poder e fascínio, a função ecológica que desempenha (ou desempenhava) no imenso território que vai das florestas siberianas às profundas selvas monçónicas, tudo isso deveria pesar. Mas reconheça-se: sempre haverá quem ache que bastam as imagens que ficam gravadas para memória futura, que o mundo não acaba por causa dos tigres.
Então, transferindo na geografia, «felinidade» e ameaça de extinção, a sorte do nosso lince-ibérico também não comove parte substancial da opinião pública.
Entre desemprego, problemas diversos e uma sensação de crise que já se nos colou à pele como uma doença, e por outro lado as múltiplas diversões que vão preenchendo os nossos vazios, que espaço há para o caso (ou ocaso) das extinções?
Talvez devêssemos pensar melhor e ver mais longe. O estado calamitoso dos nossos rios (e portanto de um recurso sem o qual não há vida nem futuro) ilustra-se na espada que paira sobre as espécies de peixes de água doce da fauna portuguesa. Mais de 70% dessas espécies encontra-se seriamente ameaçada. Algumas só existem aqui, são endemismos, património nacional natural.
Talvez esta última informação interesse já a um número considerável de cidadãos.
Que dizer ainda do que se passa com a flora (também em Portugal) com o perigo que pende sobre muitas espécies de plantas, quer selvagens (onde se contam algumas das que fornecem as moléculas utilizadas nos mais diversos medicamentos) quer «domesticadas» --variedades agrícolas que se perdem dia a dia em função da cada vez mais intensa uniformização dos cultivos, crescentemente simplificados e pobres em termos de diversidade, numa deriva para a erosão genética que há-de considerar-se inquietante.
Espero que com isso se impressionem outras tantas pessoas.
Mas, se não é suficiente, falemos então de abelhas (e de outros muitos insectos polinizadores) que estão a declinar a olhos vistos em todo o mundo. Insecticidas e herbicidas disseminados (os tais que esterilizam as aves e transformam rãs machos em fêmeas) e a destruição da vegetação natural estão a fazer desaparecer estes nossos pequenos e imprescindíveis aliados. As próprias colmeias «domésticas» onde se fabrica o mel acusam problemas sérios para grande preocupação dos apicultores e agricultores. Sem polinização, que seria da nossa produção de alimentos? Uma catástrofe natural, causada pelo homem, pode bem ser uma ameaça ao nosso modo de vida, uma ameaça silenciosa e letal.
Se calhar, tigres e abelhas, na sua triste queda, revelam o mesmo problema em facetas diversas.
Pode ser que apeteça ficar indiferente e cínico. Mas faríamos bem em preocupar-nos. A crise da Natureza, tudo o indica, é a nossa própria, humana crise.
Bernardino Guimarães
(Crónica na Antena 1, em 3/3/010)
quarta-feira, março 03, 2010
JAPÃO QUER TRAVAR EXTINÇÃO DE ESPÉCIES ATÉ 2020

O Ministério do Ambiente japonês apresentou anteontem a proposta para a nova estratégia nacional para conservar e melhorar a biodiversidade, incluindo 2020 como meta para travar a extinção de espécies.
Segundo o jornal “Japan Today”, o Governo deverá aprovar no final deste mês o documento. Este define que o Japão “fará esforços para evitar que as espécies enfrentem novas ameaças de extinção” até 2020 e para enriquecer a biodiversidade a nível nacional até 2050. Um comunicado do Ministério japonês do Ambiente explica que a actual versão da estratégia, aprovada em 2007, já inclui as ameaçadas das alterações climáticas à biodiversidade. Além disso propõe um “plano do século” que pretende recuperar os ecossistemas do país destruídos nos últimos cem anos, durante o próximo século.Em Outubro, a cidade de Nagoya vai receber a 10ª sessão da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica.
terça-feira, fevereiro 02, 2010
2 DE FEVEREIRO: DIA MUNDIAL DAS ZONAS HÚMIDAS

Muito a propósito, este ano as celebrações têm como tema “As Zonas Húmidas, a Biodiversidade e as Alterações Climáticas” e o lema é “Cuidemos das Zonas Húmidas: uma resposta às Alterações Climáticas”.
Desde 1997 que, no dia 2 de Fevereiro, se celebra o Dia Mundial das Zonas Húmidas. A data marca a assinatura, em 1971 da Convenção de Ramsar, um tratado internacional actualmente com 159 signatários que se comprometem a zelar pela conservação e pela exploração sustentável das zonas húmidas no seu território.
Este ano a data celebra-se pouco depois do encontro sobre Alterações Climáticas que teve lugar em Copenhaga no fim de 2009 e do início de 2010 - Ano Internacional da Biodiversidade, pelo que, bem a propósito, o tema é “As Zonas Húmidas, a Biodiversidade e as Alterações Climáticas” e o mote é “Cuidar das Zonas Húmidas: uma resposta às Alterações Climáticas”.
A ênfase este ano vai não só para as consequências negativas que as Alterações Climáticas podem ter na saúde e produtividade das zonas húmidas, mas também para o papel que estes ecossistemas podem ter na mitigação dos efeitos e na adaptação às Alterações Climáticas, e a importância da robustez da sua Biodiversidade para que tal se verifique.
Em Portugal as comemorações são organizadas pelo ICNB e terão lugar entre 1 e 7 de Fevereiro nas 7 Reservas Naturais integradas no Departamento de Gestão de Áreas Classificadas Zonas Húmidas do ICNB, e também noutras áreas protegidas.
No próprio dia 2 estão previstas actividades na Reserva Natural do Estuário do Tejo -uma visita à ZPE do Tejo/Zonas de Caça Municipal de Vila Franca de Xira, nas imediações dos Arrozais da Giganta, e um conjunto de palestras no Museu do Neo-Realismo (Vila Franca de Xira) - e no Parque Natural da Ria Formosa - um trilho de interpretação da Natureza seguido de uma palestra e da inauguração de uma exposição de filatelia.
Fontes: http://www.ramsar.org/ , portal.icnb.pt
terça-feira, janeiro 26, 2010
CONTROLO DE ESPÉCIES INVASORAS FALHA META GLOBAL PARA 2010

Mais um falhanço na área da biodiversidade: um estudo divulgado hoje sugere que o mundo não está a conseguir conter o impacto das espécies invasoras – aquelas que não existem numa determinada região e que, uma vez introduzidas, causam impactos consideráveis nos ecossistemas.
Controlar as espécies exóticas problemáticas era uma das sub-metas incluídas no objectivo internacional de reduzir substancialmente o ritmo de extinção de espécies até 2010. Mas acabou por contribuir para o fracasso já reconhecido daquela meta global. “Para este indicador de ameaça à biodiversidade, a meta de 2010 (...) não foi cumprida”, escrevem Melodie McGeoch e outros investigadores da Universidade de Stellenbosch (África do Sul), da organização Birdlife Internacional e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), num artigo publicado hoje na revista Diversity and Distributions.As invasoras normalmente competem com outras espécies locais, comprometendo a biodiversidade. Em Portugal, há muitos casos conhecidos de plantas, como as acácias e o jacinto-de-água, de peixes, como a perca-sol, e de invertebrados, como o lagostim-vermelho.Não existe ainda uma forma acordada internacionalmente para medir as tendências e o impacto das espécies invasoras. O artigo hoje divulgado é uma tentativa neste sentido. A partir de um conjunto representativo de 57 países (Portugal não está incluído), os investigadores avaliaram o número de espécies exóticas invasoras, a pressão que exercem sobre a biodiversidade e a resposta política, em termos de adesão a acordos internacionais e de planos nacionais para enfrentar o problema.Foram identificadas 542 espécies invasoras nos 57 países – um número que o próprio artigo reconhece como subestimado. Em países menos desenvolvidos, por exemplo, há menos investigação e, portanto, menos informação disponível. Na Guiné Equatorial, apenas nove espécies estão documentadas. Na Nova Zelândia, são 222. O menor número também resulta do próprio nível de desenvolvimento: um país mais pobre tem menos trocas comerciais com o exterior, e por isso menos transporte internacional – uma das principais vias de entrada de espécies exóticas num país.Anfíbios são os mais afectados pelas invasorasOs cientistas concluíram que as invasoras estão a ter um impacto negativo na biodiversidade global. Quem mais sofre são os anfíbios: pelo menos 205 espécies ficaram em maior risco de extinção primordialmente devido a espécies exóticas. Para outras 41 espécies de anfíbios, as invasores foram uma causa secundária para a sua maior vulnerabilidade. Um fungo patogénico, possivelmente originário de África e disseminado pela exportação de sapos na década de 1930, é a causa principal. “Era completamente desconhecido até 1998, mas acredita-se que é o responsável pelo dramático declínio de muitas populações de anfíbios em todo o mundo”, afirma Melodie McGeoch, numa entrevista ao PÚBLICO por email. Pelo menos 54 aves e 23 mamíferos também têm sido directa ou indirectamente afectados por espécies invasoras, segundo o estudo.Apesar de haver mais acordos internacionais que podem ajudar a conter o problema das espécies invasoras, a nível nacional ainda está muito por fazer. “Apenas 55 por cento dos países signatários da Convenção da Diversidade Biológica tem legislação nacional relevante para as espécies invasoras”, diz o artigo.A conclusão da investigação não é animadora: “Não há actualmente nenhuma evidência a sugerir que a adopção de políticas tenha resultado num declínio do impacto sobre a biodiversidade”.Estes novos dados adicionam mais pessimismo sobre os actuais esforços mundiais para conter a perda de biodiversidade. Em 2002, a comunidade internacional assumiu, no âmbito da Convenção da Diversidade Biológica, a meta de “atingir até 2010 uma significativa redução do actual ritmo de perda de de biodiversidade”. Mas o ano começou com a assunção oficial, através de declarações do secretário executivo da convenção, Ahmed Djoghlaf, de que a meta não foi atingida. A União Europeia também já reconheceu que falhou o seu compromisso.
terça-feira, janeiro 19, 2010
ESTA SEMANA DECIDE-SE RECEITA PARA NOVO ACORDO GLOBAL

Numa reunião que precede a Cimeira da Diversidade pretende-se definir o tipo de objectivos e contornar as divergências essenciais entre nações.
Num encontro a realizar esta semana em Londres, representantes de 55 países poderão decidir os critérios de um novo acordo global para a protecção da biodiversidade . O encontro é presidido pelo ministro britânico e pelo ministro brasileiro.
Nesta reunião pretende-se definir o tipo de objectivos que deverão ser definidos para serem ratificados na Cimeira da Biodiversidade a decorrer no próximo Outubro, no Japão. Os governos pretendem delinear desde já uma via que permita evitar na Cimeira da Biodiversidade as divisões de base que ensombraram a recente Cimeira para as Alterações Climáticas. Com a Cimeira da Biodiversidade deverão ser acordado um novo conjunto de metas para a redução significativa da perda de biodiversidade entre 2002 e 2010.
Foto: Raízes.e.Asas
Fonte: BBC news
sexta-feira, janeiro 15, 2010
DESCOBERTA NOVA ESPÉCIE DE AVE EM BORNÉU

Uma equipa de cientistas descobriu uma nova espécie de ave no coração das florestas tropicais do Bornéu, foi ontem anunciado. Agora esperam que o feito consiga ajudar a conservar a natureza naquela ilha.
A pequena ave, cinzenta com riscas brancas, foi avistada a 18 de Junho de 2009 na área protegida do Vale Danum, no estado de Sabah, por um grupo de três investigadores que incluiu o biólogo David Edwards, da Universidade de Leeds, Inglaterra. A espécie ainda não tem nome científico atribuído.A ave, de uma "beleza subtil", foi observada a alimentar-se das bagas de uma árvore na floresta tropical do Bornéu, contou ao PÚBLICO David Edwards. "Este foi o único local onde esta ave foi avistada. Por isso, conhece-se muito pouco sobre as suas exigências em relação ao habitat", acrescentou.No entanto, o bíólogo avança que existem, pelo menos, "duas claras ameaças à sua sobrevivência como espécie: abate de árvores no seu habitat, através do desaparecimento das árvores altas das quais depende, e a exploração da floresta para óleo de palma, algo que está a ocorrer a um ritmo alarmante".As florestas tropicais do Bornéu "são um dos habitats com maior diversidade de espécies em todo o mundo", salientou Edwards, lembrando que "albergam numerosas espécies raras e exóticas". "Esta descoberta volta a mostrar que ainda existem muitas descobertas excitantes para serem feitas nestas florestas".A má notícia é que, "apesar da sua diversidade esplendorosa, estas são talvez as florestas tropicais mais ameaçadas do planeta e necessitam de protecção urgente", alertou.A descoberta é públicada hoje na revista "BirdingASIA", do Oriental Bird Club.
Esta segunda-feira foi lançado oficialmente 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade. A iniciativa pretende ajudar a proteger animais e plantas de ameaças como a perda dos habitats devido à expansão das zonas urbanas e das estradas, mas também devido às alterações climáticas e introdução de espécies exóticas.
sexta-feira, janeiro 08, 2010
A CRISE DA BIODIVERSIDADE AMEAÇA A HUMANIDADE A CURTO PRAZO, DIZ HUBERT REEVES

O desaparecimento acelerado da vida animal e vegetal será uma ameaça para a humanidade nas próximas décadas, alerta o astrofísico Hubert Reeves, numa altura em que a ONU proclamou 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade.
“A ameaça coloca-se à escala de algumas décadas, no máximo”, salienta numa entrevista à agência AFP o astrónomo de 77 anos, grande defensor do Ambiente.“Actualmente já vemos a degradação das terras a grande velocidade, por causa dos pesticidas e tratamentos excessivos para eliminar insectos”, acrescenta.Mas não só. Cada vez mais “estamos a esvaziar os oceanos”.Se não fizermos nada, dentro de “dez, 20 ou 30 anos no máximo poderemos a perguntar o que vamos comer hoje”, adverte.Segundo a União Internacional para a Conservação (UICN), organismo de referência em matéria de biodiversidade, metade das espécies de mamíferos está em declínio e um quarto está ameaçada de extinção.“Tenho filhos e netos e muitas vezes temo por eles: em que mundo vão eles viver?”, questiona Reeves.Este astrofísico diz-se “muito preocupado” com o futuro: “Ninguém pode dizer como será este planeta dentro de 30 anos. Tudo depende das decisões que forem tomadas agora”.Contudo, até ao momento, as palavras parecem suprimir os actos. Durante a cimeira da Terra em Joanesburgo, em 2002, os líderes mundiais comprometeram-se a “abrandar significativamente” até 2010 a perda de biodiversidade.“Os últimos resultados não só mostram que não conseguimos parar nada como também a situação se continua a agravar cada vez mais rapidamente”, constata. “Estamos todos no mesmo barco, ameaçado de naufragar. É preciso reagir de forma global à escala da humanidade”, apela.Reeves evoca o início da “tomada de consciência planetária” da crise e espera que um “IPCC [Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas] da biodiversidade” seja criado este ano.Mas o que pode o simples cidadão fazer? Pode “reduzir o consumo de carne”, cuja produção é muito mais gastadora de recursos do que a produção de vegetais, sugere.
terça-feira, janeiro 05, 2010
ANO INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE

Não tenho a certeza de que esta riqueza ornitológica seja do conhecimento da maior parte dos que usufruem do nosso maior espaço verde urbano. Mas trata-se de um facto importante. Considerando que ocorrem em Portugal cerca de 300 espécies de aves, entre residentes e migradoras, fácil é concluir que se trata de um património significativo— e mais ainda precisamente porque se trata de um parque urbano.
A sua localização, junto ao mar, e a diversidade de formações vegetais existentes— alternando espaços abertos com zonas mais densamente arborizadas, a presença dos lagos e de charcos, a diversidade de espécies arbóreas lá introduzidas, e a relativamente grande área disponível são certamente elementos que tornam possível a existência de tantas espécies no Parque da Cidade.
Assim, quem caminha, corre ou simplesmente contempla aquele oásis de calma e de beleza, pode contar— assim a sua atenção para tal se dirija— com a aparição de aves bem raras de ver na cidade: do peneireiro-comum à galinha-d’água e ao garajau-comum, da garça-real à águia-de-asa-redonda, do pica-pau-malhado-grande ao gaio e à rola-brava. Até, caindo a noite, não será impossível detectar os sons característicos do mocho-galego e da coruja-das-torres.
Isto sem querer menosprezar a presença no Parque de diversos pequenos mamíferos, como o ouriço-cacheiro e o coelho-bravo, e ainda de diversos anfíbios e répteis, e uma infinidade de invertebrados. Nem será preciso referir a pródiga vegetação, composta por grande número de espécies.
Claro que não se trata de um espaço «selvagem». Mas essa condição urbana, pensado para o conforto humano, e o próprio facto de se tratar de um ecossistema em transformação, por ser recente, torna o Parque mais interessante do ponto de vista da sua biodiversidade.
Assim, liberto finalmente da pressão imobiliária que ameaçava cercá-lo, mas ainda esperando decisões importantes para a sua integridade, o Parque revela a importância decisiva que assume na «selva de cimento e asfalto.» Pelo que o seu atravessamento à superfície pela linha de Metro ou— muito pior ainda— uma avenida cortando o território verde (ainda há pouco defendida por um estimável vereador socialista) são verdadeiras novas ameaças que urge esconjurar.
Isto para falar, imaginem, do Ano Internacional da Biodiversidade que agora começou. Tempo de valorizar a diversidade de formas de vida, começando por um conhecimento melhor do que nos rodeia. Da biodiversidade dependemos, para a nossa alimentação, para produzir os nossos medicamentos, para assegurar condições propícias à vida humana. E precisamos dessa diversidade para que a beleza do mundo não se extinga também, corroída pela praga da uniformização e banalização de tudo, das paisagens e das vidas.
Aqui mesmo ao pé da porta, podemos ver como a Natureza— que tem horror ao vazio— resiste e persiste apesar de tudo o que se faz contra o património natural.
Insistirei neste tema em próxima crónica!
Bernardino Guimarães
(Crónica publicada no Jornal de Notícias, 5/1/2010)
segunda-feira, janeiro 04, 2010
ANO DE 2010 VAI SER O DA LUTA PELA PRESERVAÇÃO DO TIGRE

O ano de 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade e é também o ano chinês do tigre. A coincidência é feliz, já que este grande felino está no topo da lista dos dez animais que maiores riscos de extinção correm, segundo uma lista elaborada pelo Fundo para a Conservação da Natureza (WWF, na sigla em inglês), e vai servir de mote para as campanhas para a sua conservação durante todo o ano.
“O tigre vai ter uma importância icónica especial este ano”, disse ao jornal britânico "The Guardian" Diane Walkington, responsável pelo programa das espécies na WWF do Reino Unido. Outros animais nesta lista são os não menos icónicos ursos polares e pandas, mas este ano cedem a posição de ribalta ao tigre.Das nove subespécies de "Panthera tigris" existentes no mundo, três (de Bali, do Cáspio e de Java) extinguiram-se no último século, e não se avistou nenhum animal de uma quarta subespécie, a dos tigres do Sul da China, nos últimos 25 anos.Aliás, o último século não foi nada meigo para estes grandes carnívoros: a população de tigres foi reduzida em 95 por cento.Isto foi resultado, por um lado, da caça normal e do avanço das populações humanas para áreas que antes eram florestas onde os tigres reinavam, mas também da caça furtiva, para obter apenas algumas partes do animal, usadas na medicina tradicional asiática.Hoje, acredita-se que restem apenas cerca de 3200 tigres em todo o planeta (os de Bengala, Amur, da Indochina, de Sumatra e da Malásia). E, em alguns casos, as alterações climáticas estão a contribuir bastante para pôr em causa a sobrevivência destes grandes gatos, tal como a de outros animais dos ecossistemas sensíveis onde eles habitam. É o caso dos tigres nas zonas húmidas de Sunderbans, no Bangladesh e na Índia.“Para salvar o tigre, temos de salvar também o seu habitat — onde vivem muitas outras espécies ameaçadas. Por isso, se conseguirmos salvar o tigre, vamos também conseguir salvar muitas outras espécies ao mesmo tempo”, disse Wakington ao "Guardian".Daí a eleição de 2010 como o ano do tigre. O objectivo é mais do que duplicar a população destes grandes felinos até ao próximo ano chinês do tigre, em 2022.
domingo, janeiro 03, 2010
O FANTÁSTICO REINO ANIMAL: AS DESCOBERTAS MAIS SURPREENDENTES DE 2009

O ano que agora termina revelou factos surpreendentes sobre o comportamento dos parentes mais próximos do Homem no Reino Animal, proporcionou imagens inéditas de espécies já conhecidas e deu a conhecer criaturas estranhas, não deixando no entanto de relembrar as ameaças pendentes sobre alguns animais.
Numa revisão dos acontecimentos marcantes que tiveram lugar ao longo de 2009 na área da Biologia Animal, a BBC Earth News salienta a observação de comportamentos inéditos em primatas não-humanos como o canibalismo de orangotangos que se alimentam da sua cria já sem vida; a extensão do sofrimento das mães de Macaca sylvanus que bebem o seu próprio leite depois da morte de uma cria numa tentativa de reduzir o stress ou fortalecer o seu sistemas imunitário; e a intervenção de macacas adultas para proteger as crias suas descendentes de 2ºgeração.
Em 2009, foram também obtidas imagens cinematográficas de espécies ou comportamentos raros, como é o cortejamento das baleias-de-bossa ou o comportamento de uma subespécie de Gorila – gorila-do –rio-Cross – criticamente ameaçada e da qual pouco se sabe.
O ano de 2009 deu ainda a conhecer criaturas estranhas como o caranguejo que se alimenta de árvores; o coral que ingere medusas; uma das maiores espécies de ratazana descoberta na floresta de uma cratera vulcânica na Papúa-Nova-Guiné; e possivelmente o maior pliossauro marinho descoberto até à data, “desenterrado” na costa Jurássica do Sul do Reino Unido.
Apesar de ter proporcionado a sua dose de “alegrias”, o ano de 2009 não deixou de relembrar o quão próximo certas espécies estão da extinção, ao revelar a dimensão do comércio de peles de grandes felinos da China, ou da caça-furtiva que os gorilas sofrem em África, ou ainda a raridade de certas espécies como o peixe-espada-chinês, cuja presença não foi detectada numa expedição que durou 3 anos.
Resta agora esperar que o ano de 2010 – Ano Internacional da Biodiversidade – seja tão ou mais profícuo no que toca à compreensão dos membros do Reino Animal de que fazemos parte e que seja um ano de viragem na tendência de declínio da diversidade de formas vivas do nosso planeta, que se mantém apesar das já expressas intenções de alterar esta situação.
Fonte: news.bbc.co.uk
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