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sexta-feira, julho 23, 2010

JARDINS PERIGOSOS


Associamos facilmente os jardins e mais espaços verdes a uma certa ideia de Natureza, acolhedora e apaziguadora, vestígio de « paraíso perdido» que cremos protegido no meio do bulício das cidades. Se é verde, só pode ser «limpo» e « seguro». Verdade? Não, infelizmente não!

Muitos dos nossos espaços verdes e jardins, públicos mas também privados, longe de serem retalhos de Natureza ecologicamente equilibrados e benéficos, estão perigosamente contaminados. A poluição, insidiosa, invisível, encontra-se precisamente no verde: provém dos herbicidas que são utilizados para manter impecáveis os canteiros e relvados. Este problema foi denunciado pela Quercus há tempos e foi tema de reportagem do programa televisivo «Biosfera».
A associação ambientalista chamou a atenção, para «a existência de perigo para o ambiente e para a saúde pública, resultante da aplicação de herbicidas dentro dos perímetros urbanos e em diversas estradas».
Considerando que o uso de herbicidas se encontra em Portugal fora de qualquer controlo, a Quercus referiu que «foram denunciados a esta Associação diversos casos de envenenamento acidental de animais, de contaminação de linhas de água e de desrespeito pelas normas básicas de segurança na aplicação destes produtos químicos.»
No comunicado, informava-se que são três os compostos químicos mais usados como herbicidas, a saber o Glifosato, o Glifosinato de amónio e o Paraquat, todos com elevado potencial de risco para a saúde humana e a biodiversidade.
Lá se vai a segurança dos espaços verdes, e principalmente para as crianças! Brincar no relvado volta de facto a ser altamente desaconselhável.
Nem só os jardins, como se constata, sofrem com a avalanche silenciosa dos herbicidas—os mesmo produtos são utilizados para limpar ( leia-se poluir) as bermas de estradas e até margens de rios, quando se quer eliminar a vegetação espontânea.
Este problema é agravado pelo facto de se ter tornado moda o jardim bonitinho, totalmente alinhado e asséptico, sem concessões ao que não seja relva. Os relvados são « betão verde» omnipresente, até porque certos arquitectos parecem não gostar de flores e ainda menos de plantas que cheirem a « selvagens».O verde do relvado só pode, no nosso clima, acarretar um gasto imenso de água nos jardins e um uso abusivo de herbicidas e outros agro-tóxicos.
As autarquias deveriam ter consciência do problema, e a venda livre destes químicos perigosos terá de ser repensada, se quisermos devolver aos cidadãos o direito a fruir os espaços verdes sem receios legítimos.
Há maneiras de combater a proliferação excessiva de ervas ditas « daninhas» sem recurso a tais produtos.
Que paradoxo extraordinário: até os jardins, nesta era da artificialização, são um factor de poluição, parte do problema e não da solução!
Os herbicidas não são necessários num jardim onde predominem as plantas e o prado natural autóctone, adaptado ao clima e ao terreno, capaz de prescindir também do espantoso desperdício de água que exige a formalidade em voga em matéria de jardinagem, ainda por cima trazendo a banalidade e uniformidade aos poucos espaços verdes que temos!
Jardins sustentáveis é preciso! E podem ser bem mais belos, os jardins onde exista, em diversidade e abundância, a flora, as composições de cor e de formas que possam ser geridas sem grandes custos e sem contaminações que tornam perigosos esse refúgios de descanso e de lazer. Que desejaríamos mais em harmonia com a Natureza e menos perto de venenos!
Bernardino Guimarães
( Crónica para a Antena 1, em 22/7/010)

quarta-feira, maio 26, 2010

O REGRESSO DAS LONTRAS


1) O Febros - rio que corre no meio dos 35 hectares do Parque Biológico de Gaia e que nasce em Seixozelo e termina em Avintes – conta de novo com a presença de um seu notável hóspede, há muitos anos ausente, a lontra. Este mamífero carnívoro tinha sido assinalado, pela última vez no Febros nos idos 1987.
Um macho desta simpática espécie foi capturado acidentalmente junto a um cercado onde estão quatro outras lontras para criação em cativeiro. Devolvido à Natureza, talvez não seja já indispensável a reintrodução de lontras pela mão do Homem— a espécie encarregou-se de reocupar o lugar que foi seu, o que atesta por outro lado a razoável qualidade das águas do rio e o bom estado do seu ecossistema, ainda há pouco tempo afectado por contaminação acidental.
Se as lontras sempre ali estiveram, ocultas e evitando os olhares humanos, ou se recolonizaram o Febros através dos meandros da bacia do Douro, é coisa que não se sabe. Mas que é uma bela comemoração do Ano Internacional da Biodiversidade (e do dia 22 de Maio que foi dedicado ao tema) — lá isso é!
Este regresso devolve-nos a esperança necessária para encararmos a possibilidade de uma certa recomposição da Natureza, mesmo dentro dos perímetros urbanos, caso para isso haja vontade e determinação.
A biodiversidade, a diversidade de formas de vida, não pode ser muleta de discursos vazios. A Natureza não é uma abstracção, nem sequer o refúgio conceptual onde se reciclam, na teoria, algumas más consciências. Trata-se de garantir o nosso futuro ligado— como sempre esteve— ao futuro das outras espécies. Um rio que esteja morto para as lontras estará morto para nós, mais tarde ou mais cedo. Uma teia subtil e complexa, cada vez mais entendida pela ciência, envolve aquilo que são as nossas próprias, humanas, condições de vida. Progredir será então o avanço que conseguirmos na compreensão do nosso lugar na Natureza, em busca de uma outra relação com os tais «recursos naturais» que são finitos e esgotáveis e por isso devem ser geridos com parcimónia e inteligência.
2) A Quercus chamou recentemente a atenção, para «a existência de perigo para o ambiente e para a saúde pública, resultante da aplicação de herbicidas dentro dos perímetros urbanos e em diversas estradas, situação que ocorre com frequência diária em dezenas de concelhos de todo o país».
Considerando que o uso de herbicidas se encontra em Portugal fora de qualquer controlo, a Quercus assinala que «foram detectados e denunciados a esta Associação diversos casos de envenenamento acidental de animais, de contaminação de linhas de água e de desrespeito pelas normas básicas de segurança na aplicação destes produtos químicos.»
No comunicado que divulgou a associação ambientalista, informava-se que três compostos químicos são os mais usados como herbicidas, a saber o Glifosato, o Glifosinato de amónio e o Paraquat, todos com elevado potencial de risco para a saúde humana e a biodiversidade.
Este problema não é novo e sabe-se que muitas entidades, incluindo autarquias no tratamento de espaços verdes, limpeza de bermas de estradas e operações afins, usam e abusam destes compostos perigosos. Existem— e a Quercus salienta esse facto— métodos alternativos para o controlo de vegetação herbácea/ arbustiva e daí o apelo aos autarcas para que revejam esta situação.
Não deixa de ser preocupante que os nossos jardins possam ser, afinal, tóxicos e impróprios para a biodiversidade…e para as pessoas! Paradoxo lamentável que uma «jardinagem ecológica» e mais «natural» pode ultrapassar. Ficaremos todos a ganhar com isso!
Bernardino Guimarães
( Crónica publicada no Jornal de Notícias, 25/5/010)

quarta-feira, março 03, 2010

HERBICIDA TORNA RÃS MACHOS EM FÊMEAS

em Diário de Notícias hoje.
A atrazina, um dos herbicidas mais comuns na agricultura, no mundo, afecta as rãs machos, induzindo a feminização de um em cada dez destes animais. A descoberta foi feita por investigadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e publicada online na revista Preceedings of the National Academy of Sciences.
De acordo com os dados da equipa coordenada pelo biólogo Tyrone B. Hayes, 75 por cento dos machos ficam quimicamente castrados devido ao efeito da atrazina, o que os impede de se reproduzirem.
"As rãs machos não produzem testosterona e por isso não têm nada do que a testosterona implica, incluindo o esperma. Em alguns casos, a sua fertilidade não é mais do que dez por cento do normal", explicou o coordenador dos estudo, citado pela Science Daily.
A conclusão do cientista é clara: "Num ambiente em que têm de competir com animais da mesma espécie não expostos [àquele químico] eles não têm hipóteses de se reproduzir."
Por outro lado, dez por cento dos machos expostos à atrazina tornam-se fêmeas, algo que não ocorre naturalmente nos anfíbios, e estas podem acasalar com machos. Mas como são geneticamente machos, a descendência é composta apenas por machos.
O estudo foi feito em laboratório, mas existem evidências de que o mesmo efeito ocorre com as rãs no ambiente natural quando em contacto com a atrazina.