Paris fez primeiro ensaio nuclear no Sara, em 1960, e nunca descontaminou a zona. Meio século depois, radiações persistem.
A bomba explodiu às 07.04 de 13 de Fevereiro de 1960 no longín-quo deserto do Sara, no Sul da Argélia. Quinze minutos depois, Gérard Dellac correu até ao centro da cratera para ali plantar a bandeira tricolor.
O jovem militar, armado com uma simples bata branca, cumpriu a missão com orgulho patriótico. Afinal, a França tinha uma bomba de plutónio quatro vez mais potente que a lançada pelos americanos em Hiroxima. E o cancro da pele, que agora o vai matando, só daria sinal anos mais tarde.
Dellac, 71 anos, é um dos milhares de veteranos dos ensaios nucleares que esperam por uma indemnização do Estado devido aos efeitos da radiação. Embora a França se recuse a levantar o segredo militar imposto aos documentos sobre testes nucleares, sabe-se que 150 mil civis e militares franceses participaram em 210 ensaios, entre 1960 e 1966, no deserto argelino e na Polinésia.
Após décadas a negar responsabilidade, o Governo de Paris aprovou no mês passado uma lei que reconhece que a radiação nuclear seja o motivo de doenças e abre a porta a compensações. Mas isso não apagou a vergonha - para muitos veteranos a ajuda chegou tarde de mais. Muito menos comprou a paz com os argelinos que viviam perto da região dos primeiros testes atmosféricos.
Nos dias a seguir ao primeiro ensaio há relatos de centenas de argelinos irradiados que foram levados para o hospital da base militar francesa e mais de 30 mulheres que abortaram subitamente.
Mohamed Belhacen, um habitante septuagenário da aldeia de Taourit, contou ao diário El País que a população chegou a pensar que tudo aquilo fosse um castigo divino. "As mulheres grávidas perderam os filhos. As cabras e os dromedários ficaram doentes e logo a seguir morreram. Nem havia mais mosquitos. Era a bomba ou então era uma maldição de Deus."
Belhacen é um dos poucos que sobrevivem para contar a história, mas os efeitos da radiação ainda são bem visíveis. Depois de oito anos de uma guerra violenta, a França abandonou em 1962 esta sua colónia no Norte de África sem recolher o material radioactivo.
O presidente da Associação 13 de Fevereiro, Abderrahmane Lagsassi, disse à AP que o povo ainda sofre de doenças e os bebés nascem malformados". E terminou: "Para nós, mais importante [que as indemnizações] é que a França reconheça que cometeu um crime contra a humanidade."
A bomba explodiu às 07.04 de 13 de Fevereiro de 1960 no longín-quo deserto do Sara, no Sul da Argélia. Quinze minutos depois, Gérard Dellac correu até ao centro da cratera para ali plantar a bandeira tricolor.
O jovem militar, armado com uma simples bata branca, cumpriu a missão com orgulho patriótico. Afinal, a França tinha uma bomba de plutónio quatro vez mais potente que a lançada pelos americanos em Hiroxima. E o cancro da pele, que agora o vai matando, só daria sinal anos mais tarde.
Dellac, 71 anos, é um dos milhares de veteranos dos ensaios nucleares que esperam por uma indemnização do Estado devido aos efeitos da radiação. Embora a França se recuse a levantar o segredo militar imposto aos documentos sobre testes nucleares, sabe-se que 150 mil civis e militares franceses participaram em 210 ensaios, entre 1960 e 1966, no deserto argelino e na Polinésia.
Após décadas a negar responsabilidade, o Governo de Paris aprovou no mês passado uma lei que reconhece que a radiação nuclear seja o motivo de doenças e abre a porta a compensações. Mas isso não apagou a vergonha - para muitos veteranos a ajuda chegou tarde de mais. Muito menos comprou a paz com os argelinos que viviam perto da região dos primeiros testes atmosféricos.
Nos dias a seguir ao primeiro ensaio há relatos de centenas de argelinos irradiados que foram levados para o hospital da base militar francesa e mais de 30 mulheres que abortaram subitamente.
Mohamed Belhacen, um habitante septuagenário da aldeia de Taourit, contou ao diário El País que a população chegou a pensar que tudo aquilo fosse um castigo divino. "As mulheres grávidas perderam os filhos. As cabras e os dromedários ficaram doentes e logo a seguir morreram. Nem havia mais mosquitos. Era a bomba ou então era uma maldição de Deus."
Belhacen é um dos poucos que sobrevivem para contar a história, mas os efeitos da radiação ainda são bem visíveis. Depois de oito anos de uma guerra violenta, a França abandonou em 1962 esta sua colónia no Norte de África sem recolher o material radioactivo.
O presidente da Associação 13 de Fevereiro, Abderrahmane Lagsassi, disse à AP que o povo ainda sofre de doenças e os bebés nascem malformados". E terminou: "Para nós, mais importante [que as indemnizações] é que a França reconheça que cometeu um crime contra a humanidade."
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