segunda-feira, outubro 19, 2009

ATLAS DOS ANFÍBIOS E RÉPTEIS QUER PROTEGER ESPÉCIES DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

13.10.2009Helena Geraldes, Público
Sapos e rãs, tritões e salamandras, cobras e cágados serão dos primeiros a sentir os efeitos das alterações climáticas. Para ajudar estas espécies, uma equipa de biólogos percorreu o país à sua procura, em rios, ribeiros e charcos. O novo Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, que mostra onde estão 52 espécies, será apresentado publicamente amanhã em Lisboa e estará nas livrarias no início de 2010.
De 2003 a 2006, durante três ciclos biológicos, uma equipa de seis pessoas andou de galochas à procura da rã-verde, da salamandra-lusitânica, do cágado-de-carapaça-estriada e de outras dezenas de espécies autóctones em Portugal continental. No final, conseguiram três mil pontos de observação, num total de 84 mil registos de observação. Para cada um deles assentaram as espécies que lá encontraram e a data.Armando Loureiro, coordenador do trabalho, considera que este é um atlas “de nova geração”. Até agora, a informação disponível consistia num atlas publicado em 1989, que fez a “compilação de referências bibliográficas”, contou ao PÚBLICO. Agora, “estamos a falar de uma cartografia com mapas geo-referenciados”, resultado do trabalho da Universidade do Porto (CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos) e da Universidade de Lisboa (CBA – Centro de Biologia Ambiental), com coordenação do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB).A equipa do projecto, financiado pelo Programa Operacional do Ambiente (POA), “andou no campo à procura das falhas de informação sobre aquelas espécies”. “Sem conhecermos não podemos conservar”, salientou.Cada espécie tem a sua distribuição num mapa e uma ficha com a sua caracterização, notas sobre principais ameaças e medidas para a sua conservação.A base de dados, com o mesmo formato que Espanha está a usar, já está a ser utilizada num estudo ibérico, a decorrer neste momento, para estudar a susceptibilidade das espécies aos impactos das alterações climáticas na biodiversidade. “Os modelos informáticos que estão a ser criados poderão ajudar a identificar quais as espécies mais vulneráveis e mostrar as regiões onde se encontram”, explicou Armando Loureiro.As espécies de anfíbios são particularmente vulneráveis às alterações do clima devido à sua baixa mobilidade e elevada dependência da água. “Sabemos, por exemplo, que no Alentejo há anos em que determinadas espécies não se reproduziram. No entanto, compensam noutros anos. Ou seja, ainda não há dados suficientes para podermos traçar uma tendência”, acrescentou.O Atlas foi publicado no ano passado e distribuído por escolas e bibliotecas. Uma segunda edição deverá estar nas livrarias no início de 2010, Ano Internacional da Biodiversidade.

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