Quando o sol é um sorriso desfazendo
A escuridão soturna,
Nos meus olhos, também amanhecendo,
É beijo aceso a lágrima nocturna…
E quando a noite, espectro de outro mundo,
Por sobre a terra desce,
Todo o meu ser—tão pálido!—arrefece
E se torna sem margens e sem fundo…
Assim a minha vida é o fim das Cousas,
Seu estranho e fantástico destino!
As serras fragorosas
E o sol, astro divino,
Perdem-se no meu corpo em tempestade…
Meu corpo…ignoto mar;
Enlouquecida estátua de saudade,
A sonhar, entre nuvens, e a falar…
Que existe além de mim?
Silêncio, fria treva, solidão;
Um vago Azul sem fim,
A sombra da futura Criação
Teixeira de Pascoaes
Sempre (1930)
A escuridão soturna,
Nos meus olhos, também amanhecendo,
É beijo aceso a lágrima nocturna…
E quando a noite, espectro de outro mundo,
Por sobre a terra desce,
Todo o meu ser—tão pálido!—arrefece
E se torna sem margens e sem fundo…
Assim a minha vida é o fim das Cousas,
Seu estranho e fantástico destino!
As serras fragorosas
E o sol, astro divino,
Perdem-se no meu corpo em tempestade…
Meu corpo…ignoto mar;
Enlouquecida estátua de saudade,
A sonhar, entre nuvens, e a falar…
Que existe além de mim?
Silêncio, fria treva, solidão;
Um vago Azul sem fim,
A sombra da futura Criação
Teixeira de Pascoaes
Sempre (1930)
Que existe além de mim?.........Tudo o quiseres criar!
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