Se perguntarem das artes do mundo?
Das artes do mundo escolho a de ver cometas
despenharem-se
nas grandes massas de água: depois, as brasas pelos
recantos,
charcos entre elas.
Quero na escuridão revolvida pelas luzes
ganhar baptismo, ofício.
Queimado nas orlas de fogo das poças.
O meu nome é esse.
E os dias atravessam as noites até aos outros dias, as
noites
caem dentro dos dias—e eu estudo
Astros desmoronados, mananciais, o segredo.
Herberto Helder
sexta-feira, março 27, 2009
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(sorriso)
ResponderEliminarhá uma árvore de gotas em todos os paraísos.
com o rosto molhado,
eu posso ficar com o rosto molhado,
com os olhos grandes.
neste lugar absoluto pelo sopro,
fervem as víboras de ouro aos nós
sobre as pedras enterradas.Leopardos
lambem-me as mãos giratórias.
E eu abro a pedra para ver a água estremecendo.
A água embebeda-me.
Como nos corredores de uma casa brilha o ar,
brilha como entre os dedos.
-A minha vida é incalculável.
Herberto Helder
Última ciência
(mesmo do meu lado direito...)