Agora dizem-me que é a Escola Secundária Filipa de Vilhena a próxima a ser alvo de uma tal «limpeza arbórea». Motivos: os mesmos. Entidade «responsável»? A de sempre. Uma tristeza que se repete?
E dezenas de grandes árvores que bordejam a escola terão já o destino traçado— sem que à comunidade tenham sido apresentadas explicações, sem uma justificação que faça sentido e possa ser discutida.
Pensava o cronista que a diminuição evidente da população escolar permitiria soluções menos «concentradas» no que toca a equipamentos desportivos e outros. Sonhava o cronista com a acção de projectistas que vissem para além da vontade avulsa de governantes que querem instalar edificações e equipamentos em locais que a isso não se prestam, por exíguos. Subsistia a esperança de o coberto vegetal, as árvores que são apresentadas aos alunos como valores a defender, fossem ao menos consideradas quando se trata de planear e de desenhar com equilíbrio e criatividade.
O Porto é uma cidade pouco arborizada, carente de verde e de elementos naturais que contrariem a crescente betonização que desumaniza. Em nome de melhoramentos cuja valia se não contesta mas que podiam e deviam ser pensados em outros lugares (porventura para utilização em comum pelas várias escolas, por exemplo) aplicam-se sucessivas e drásticas machadadas na arborização que os muros das escolas albergaram e defenderam durante décadas.
Espero que as minhas informações estejam erradas --e possa o cronista ser asperamente desmentido. Talvez afinal a Escola Filipa de Vilhena não se queira ver sem as suas árvores, talvez seja possível olhar mais largo e mais fundo e ultrapassar as urgências construtivistas da tutela. E nem se venha com o argumento das árvores e arbustos que serão plantados a seguir ao morticínio; como se fosse indiferente uma espera de dezenas de anos até que algo de comparável ao que existe, possa crescer…e aparecer!
Caso contrário, um novo crime ecológico deixará a cidade mais pobre e uma Escola mais estéril e vazia. Vazia de coerência, de projecto, de relação entre a vida e o que se ensina aos jovens, educação ambiental sem conteúdo, palavras sem exemplo, amor à Natureza sem verdade.
Vamos deixar que isso aconteça?
Bernardino Guimarães
Foto de Raízes.e.Asas
(Publicado ontem 23/6/09 no Jornal de Notícias.)
(Publicado ontem 23/6/09 no Jornal de Notícias.)
"... haverá 126 árvores, em vez das 139 iniciais." www.campoaberto.pt
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