
Este naturalista alemão, explorador e filósofo multifacetado, nasceu em Berlim, corria o ano de 1769. Proveniente de uma família da nobreza prussiana, irmão do que veio a ser um famoso linguista e político, Humboldt desde cedo mostrou amor pelas coisas da Natureza. Estudou na Universidade de Gottingen e depois, na Escola de Minas de Friburgo. O seu talento natural e a sua capacidade de trabalho certamente impressionaram os seus mestres— mas haveriam de ser as suas viagens o factor mais importante da sua vida— como mais tarde o foram também para Darwin— para o seu crescimento como cientista e para a fama mundial que granjeou.
Convém notar que a nossa época de super-especialização e de informação instantânea dificilmente enquadraria aquilo que foi a extraordinária polivalência de Humboldt; geógrafo, filósofo, historiador, geólogo, mineralogista, botânico, zoólogo, vulcanólogo e humanista, tudo isto foi e em todos estes campos deixou marca assinalável, com particular relevância para a Geografia, a Geologia, a Climatologia e a Oceanografia. A sua época, desperta para a ciência e ávida de saber, ignorava ainda os compartimentos estanques que hoje estabelecemos entre os vários ramos do saber. Mas isso são outros contos!

Mas foi a sua fantástica expedição à América que o celebrizou—e a mais decisiva para si. Desde 1799 a 1804, acompanhado pelo botânico francês Bonpland, percorreu a Venezuela, viajando pelos rios amazonas, Orinoco, Atabapo e Negro, escalou montanhas, viajou por Cuba, Colômbia, Equador, Peru, México e Estados Unidos onde fez análises geológicas das costas do Pacífico. Curiosamente, não penetrou no Brasil porque o governo português, por razões políticas, impediu a sua entrada no imenso território brasileiro.
Sempre recolhendo amostras e espécimes— só de plantas levou consigo mais de 60 000, fora as amostras geológicas e animais. Este espólio riquíssimo levou Humboldt a vida inteira a estudá-lo. Percorreu cerca de 65 000 km!
Não foi insensível aos dramas humanos que presenciou no seu longo périplo pelo Novo Mundo. Indignou-se com o flagelo da escravatura e interessou-se pelas culturas indígenas e pelos estudos antropológicos e etnográficos.
Já célebre, regressou fixando-se em Paris, depois de novo em Berlim, preparando a que foi uma das suas obras mais colossais— a «Viagem às Regiões Equinociais do Novo Continente», em 30 volumes, publicado em 1834.

Em 1829 empreendeu ainda uma extensa e movimentada expedição naturalística à Ásia Central.
O seu legado é imenso. Este aventureiro com causa espantou a sua época pelo arrojo e pela dedicação à causa do conhecimento. Deixou imensas obras e escritos diversos. Morreu em Berlim no ano de 1859, com 90 anos de idade.
Nas suas viagens e na publicação das suas obras comprometeu boa parte da fortuna pessoal que havia herdado; mas ganhou, não apenas a fama, que não lhe agradava tanto assim, mas um lugar na lista dos que mais contribuíram para o conhecimento da Terra, do que hoje chamamos biodiversidade e de quase todos os capítulos das ciências naturais.
Bernardino Guimarães
"mas ganhou, não apenas a fama, que não lhe agradava tanto assim, mas um lugar na lista dos que mais contribuíram para o conhecimento da Terra, do que hoje chamamos biodiversidade e de quase todos os capítulos das ciências naturais."
ResponderEliminarEstas são as características dos GRANDES HOMENS.