No passado Domingo, 7 de Fevereiro, a Campo Aberto pôde testemunhar, com o apoio do Movimento de Defesa do Rio Tinto, a barbárie ambiental cometida recentemente no Rio Tinto pela empresa Metro do Porto, perante o olhar passivo de autoridades como a Câmara Municipal de Gondomar, CCDR e ARH. No centro desta cidade populosa, onde abundam os edifícios e a desordem, e escasseia o planeamento, a Metro do Porto teve o descaramento de esconder o rio que dá nome à localidade, fazendo coincidir com exactidão quase milimétrica o percurso do metro com o do rio.
Apesar de a Assembleia Municipal de Gondomar ter aprovado por unanimidade uma proposta de alteração que permitiria salvaguardar um pequeno troço de rio, esta foi ignorada pela Metro do Porto. A Metro demorou mais de uma década a iniciar as obras em Rio Tinto (o estudo de impacto ambiental data de 1997) mas, quando as iniciou, a pressa ditou que se passasse por cima até da opinião de todos os deputados municipais de Gondomar. Uma afronta à democracia.
Não foi apenas o rio que sofreu com a ignorância dos decisores. As obras do metro foram causa directa de cheias ainda mais graves do que aquelas que ocorrem regulamente no rio. A ocupação desenfreada dos leitos de cheia ao longo do tempo, o afunilar da secção do rio em diversos pontos, e entulho e materiais indevidamente acondicionados na frente de obra, foram a mistura explosiva que deixou 15 famílias de Rio Tinto desalojadas e inúmeras garagens completamente alagadas.
Os atropelos legais ao longo do processo são gritantes. Nunca um estudo de impacto ambiental (EIA) de 1997 poderia ser usado para obras em 2010. Era necessário um novo EIA, até porque as falhas técnicas, designadamente de dimensionamento, foram rapidamente desmascaradas pelas últimas cheias.
O rio Tinto poderia ser o ex-libris da cidade, um factor de beleza e de orgulho para a população. Mas foi sendo transformado primeiro num esgoto a céu-aberto, depois lentamente num esgoto rodeado de edifícios em leito de cheia, e por fim acabou pura e simples aniquilado. Pela tragédia a que se vem assistindo no Rio Tinto a Campo Aberto responsabiliza directamente a Câmara Municipal de Gondomar – que desde há mais de uma década se vem dedicando a entubar troços do Rio Tinto -, a empresa Metro do Porto, e ainda, pela sua passividade e conivência, a CCDR e a ARH. Todas estas entidades tinham a obrigação ética e legal de zelar pelo interesse publico, mas, no que respeita ao Rio Tinto, a sua actuação tem tido o efeito precisamente oposto.
Queremos aproveitar a oportunidade para manifestar a nossa solidariedade com o Movimento de Defesa do Rio Tinto, que tem levado a cabo um trabalho notável junto da comunidade e dos políticos locais, e também com o Paulo Moura, sócio da Campo Aberto que foi violentamente agredido no dia 4 de Fevereiro ao tentar evitar o abate de um carvalho secular e de alguns sobreiros.
Resta a esperança de que erros semelhantes não voltem a ser cometidos, e que o que resta do Rio Tinto ainda possa ser recuperado.
Nota: a Campo Aberto apoia a construção do metro, pelo que as críticas expressas neste comunicado se dirigem apenas ao traçado seleccionado.
Para mais informações sobre o Rio Tinto, sugerimos a consulta das páginas do Movimento:
http://moveriotinto.no.sapo.pt/
http://moveriotinto.blogspot.com/
Apesar de a Assembleia Municipal de Gondomar ter aprovado por unanimidade uma proposta de alteração que permitiria salvaguardar um pequeno troço de rio, esta foi ignorada pela Metro do Porto. A Metro demorou mais de uma década a iniciar as obras em Rio Tinto (o estudo de impacto ambiental data de 1997) mas, quando as iniciou, a pressa ditou que se passasse por cima até da opinião de todos os deputados municipais de Gondomar. Uma afronta à democracia.
Não foi apenas o rio que sofreu com a ignorância dos decisores. As obras do metro foram causa directa de cheias ainda mais graves do que aquelas que ocorrem regulamente no rio. A ocupação desenfreada dos leitos de cheia ao longo do tempo, o afunilar da secção do rio em diversos pontos, e entulho e materiais indevidamente acondicionados na frente de obra, foram a mistura explosiva que deixou 15 famílias de Rio Tinto desalojadas e inúmeras garagens completamente alagadas.
Os atropelos legais ao longo do processo são gritantes. Nunca um estudo de impacto ambiental (EIA) de 1997 poderia ser usado para obras em 2010. Era necessário um novo EIA, até porque as falhas técnicas, designadamente de dimensionamento, foram rapidamente desmascaradas pelas últimas cheias.
O rio Tinto poderia ser o ex-libris da cidade, um factor de beleza e de orgulho para a população. Mas foi sendo transformado primeiro num esgoto a céu-aberto, depois lentamente num esgoto rodeado de edifícios em leito de cheia, e por fim acabou pura e simples aniquilado. Pela tragédia a que se vem assistindo no Rio Tinto a Campo Aberto responsabiliza directamente a Câmara Municipal de Gondomar – que desde há mais de uma década se vem dedicando a entubar troços do Rio Tinto -, a empresa Metro do Porto, e ainda, pela sua passividade e conivência, a CCDR e a ARH. Todas estas entidades tinham a obrigação ética e legal de zelar pelo interesse publico, mas, no que respeita ao Rio Tinto, a sua actuação tem tido o efeito precisamente oposto.
Queremos aproveitar a oportunidade para manifestar a nossa solidariedade com o Movimento de Defesa do Rio Tinto, que tem levado a cabo um trabalho notável junto da comunidade e dos políticos locais, e também com o Paulo Moura, sócio da Campo Aberto que foi violentamente agredido no dia 4 de Fevereiro ao tentar evitar o abate de um carvalho secular e de alguns sobreiros.
Resta a esperança de que erros semelhantes não voltem a ser cometidos, e que o que resta do Rio Tinto ainda possa ser recuperado.
Nota: a Campo Aberto apoia a construção do metro, pelo que as críticas expressas neste comunicado se dirigem apenas ao traçado seleccionado.
Para mais informações sobre o Rio Tinto, sugerimos a consulta das páginas do Movimento:
http://moveriotinto.no.sapo.pt/
http://moveriotinto.blogspot.com/
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