As cinzas, potencialmente perigosas, que estão no aterro da Central Termoeléctrica da Tapada do Outeiro, em Gondomar, podem vir a ter como destino um aterro para resíduos inertes, sem que para tal tenha sida feita uma caracterização correcta que permita avaliar o real perigo para o ambiente.
Esta situação surgiu na sequência da necessidade de remoção de parte do aterro dessa central termoeléctrica, devido à construção da Auto-estrada A41/IC24 da responsabilidade da empresa Douro Litoral, ACE.A referida empresa encomendou um estudo de caracterização que conclui que os resíduos contidos no referido aterro podem ser classificados como inertes e, por conseguinte, serem depositados num aterro com a mesma categoria.Ora a Quercus não se oporia a esse destino se o estudo tivesse sido feito de acordo com as normas técnicas adequadas. Infelizmente, o que se passou é que numa área de milhares de metros quadrados e com um volume superior a 200000 metros cúbicos, foram somente recolhidas duas amostras, não obedecendo a qualquer tipo de norma, a 50 centímetros de profundidade e, como refere o estudo, com muita terra vegetal e raízes de plantas.De referir que o aterro da Central Termoeléctrica da Tapada do Outeiro recebeu, durante décadas, milhares de toneladas de cinzas resultantes da queima de carvão e fuelóleo para a produção de energia eléctrica. Segundo a Lista Europeia de Resíduos, o processo térmico de produção de energia ao queimar fuelóleo produz um resíduo perigoso (Código LER: 100104* Cinzas volantes e poeiras de caldeira da combustão de hidrocarbonetos).A Quercus já enviou uma carta à Ministra do Ambiente a questionar se vai aceitar que os resíduos em causa venham a ter como destino um aterro de inertes (que não garante condições de impermeabilidade) sem que sejam feitas as adequadas caracterizações.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Lisboa, 3 de Fevereiro de 2010
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