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sexta-feira, dezembro 04, 2009

ÁREAS COSTEIRAS IBÉRICAS COM POTENCIAL PARA A ENERGIA DAS ONDAS

De acordo com os cientistas a costa galega apresenta as melhores condições para gerar energia eléctrica aproveitando o movimento das ondas. O potencial diminui à medida que se avança para Este e para Sul, no Atlântico, ao passo que o Mediterrâneo as ondas não têm força suficiente.
Alguns dias após a entrada em funcionamento do maior dispositivo construído para aproveitar a energia das ondas e gerar electricidade, instalado em Orkney, na Escócia, surge um estudo avaliando o potencial dos territórios costeiros na Península Ibérica para aproveitar esta energia renovável.
Com efeito, foi recentemente publicado um artigo nas revistas Energy and Renewable Energy, com os resultados de um estudo levado a cabo na Universidade de Santiago de Compostela. De acordo com o trabalho as zonas com maior potencial para a instalação de dispositivos para o aproveitamento da energia das ondas são a Costa da Morte, entre Finisterra e as ilhas Sisargas, e a área de Estaca de Bares, ambas na costa galega.
Os cientistas calculam que a potência eléctrica gerada na Costa da Morte pode atingir os 50KW por metro de água que se reduzem a 40KW/m na área da Estaca de Bares. O potencial decresce depois à medida que nos deslocamos para Este para o mar Cantábrico ou para sul, em direcção à costa Portuguesa, sendo nulo no Mediterrâneo devido à pouca força das ondas.
Em Espanha ainda não existem quaisquer centrais de geração de electricidade a partir da energia das ondas à escala comercial, embora existam duas instalações-piloto, uma na Cantábria e outra no País Basco, prevendo-se a instalação de uma terceira no porto de Granadilha, em Tenerife.
A equipa de investigadores que levou a cabo o estudo agora publicado também é responsável pela criação de um sistema de aproveitamento da energia das ondas denominado “WaveCat” que consiste numa estrutura de aço flutuante que contém turbinas para produzir electricidade. A tecnologia está a actualmente a ser aperfeiçoada ao mesmo tempo que já está a ser construído um protótipo a grande escala para testes no tanque de ondas.
Fonte: http://www.sciencedaily.com/

quarta-feira, maio 06, 2009

LITORAL

Voltamos sempre às praias, a esse horizonte de mar que nos atrai e encanta. Cada ano se repete o êxodo para as estâncias marítimas e nem os avisos sobre a crueza inusitada dos raios ultravioletas nem mesmo, por vezes, a evidente contaminação das águas e da areia nos demovem. O litoral é ponto de encontro, o turismo de sol e praia continua sendo o prato forte da oferta portuguesa, enfim, dir-se-ia que nada se coloca entre o nosso objecto de desejo e a realidade física e ecológica que o litoral é.
Só que...o litoral, a extensa costa marítima portuguesa, tão variada na sua morfologia e nas suas potencialidades, encontra-se num mau momento. A crise anunciada torna-se preocupante: erosão costeira, praias que encolhem face ao avanço do mar, areias que se somem por efeito das vagas, falésias que fraquejam e dão de si. Este panorama pode observar-se um pouco por todo a costa. Mercê de fenómenos naturais agravados pelos erros humanos.
Se a subida do nível dos mares é coisa mensurável, concreta, tendo como principal causa o aquecimento da temperatura global, as tais alterações climáticas que a nossa poluição atmosférica está já a produzir, a capacidade de resistência do litoral está enfraquecida e responde mal ao avançar das vagas. Porque as areias já não chegam ao litoral trazidas pelos rios ao longo do seu curso, travadas pelas barragens; porque a construção de edifícios, estradas, barracos e o simples pisoteio, destruíram os cordões dunares e a vegetação que os fixava; porque as barreiras artificiais contra a invasão das ondas apenas conseguem agravar, muitas vezes, o problema, empurrando-o para mais adiante; enfim, porque a cobiça, o desmazelo e a falta de civismo e de saber conduziram a este recuo do território, e ninguém pode prever onde acabará. Com oitenta por cento da população aglomerada perto do litoral, o país bem devia reflectir sobre as causas das coisas e o que fazer para evitar o pior. A despeito de leis e planos, sempre úteis mas insuficientes por falta de coragem política, a verdade é que se continua a cometer os mesmos erros. Tomemos o litoral da Área Metropolitana do Porto - desafio o leitor a percorrê-lo, numa destas manhãs, para ser mais agradável o passeio, e a ver, com os seus olhos, os crimes mais recentes. Verá urbanizações junto ao mar e até em cima do que eram dunas, piscinas municipais (!) e hotéis também em dunas, com o mar a cavar erosão no nível mais abaixo, ameaçando a prazo pessoas e bens. Verá, infelizmente, estradas sem estética nem sentido quase a roçar as praias e placas anunciando mais urbanizações nas poucas zonas onde o litoral não estava ainda betonado. A inconsciência não tem limites?
Finalmente, «operações de requalificação» anunciam-se ou mostram-se — pior a emenda que o soneto, estradões de asfalto paralelos á costa, mais construções, o que resta de dunas confinadas a faixas exíguas, entre vias rodoviárias, parques de estacionamento...e o mar que todos os anos reclama mais espaço. Este desastre merece um plano de emergência efectivo, com medidas corajosas e esclarecidas, antes que o pior aconteça— mesmo que doa aos interesses de rapina instalados. Mas quem avança com tal empreitada? De tanto se querer rentabilizar o espaço junto ao mar, já pouco resta de atractivo e de paisagisticamente saudável. Mas a costa corroída, todos os anos um pouco mais, é aviso que não pode ser ignorado. Muito
do que se construiu será posto em causa, não já—desgraçadamente—por auditorias e inquéritos—mas pela primacial força das ondas, face ás quais não há defesas infalíveis e permanentes.
Bernardino Guimarães