
«O Nosso Futuro comum» tinha a tarefa facilitada quanto aos diagnósticos, porque surge na senda de numerosos documentos e alertas (como o estudo sobre «Os Limites do Crescimento») que desde a década de 70 vinham chamando a atenção para a crescente degradação do ambiente, esgotamento dos recursos naturais, contaminações tóxicas acumulando-se tragicamente, aumento caótico das grandes cidades, ameaças sobre o futuro da Humanidade que eram em boa parte ignorados pelos decisores em todo o mundo. Nessa altura, havia já consciência das poluições e seus perigos; da perda de biodiversidade, da escassez cada vez mais nítida de água potável, e começava já a ficar clara— pelo menos em meios científicos— a responsabilidade humana na alteração gradual do clima. Isto num mundo onde a população crescia vertiginosamente e muitas cidades se tornavam megalópoles a um ritmo espantoso.

A Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento desenvolveu os seus trabalhos durante 3 anos e veio a «dar à luz» o famoso relatório que tomou, para a posteridade, o nome da sua presidente, a senhora Gro Harlem Brundtland, então primeira-ministra da Noruega.

O relatório define desenvolvimento sustentável como «o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer as capacidades das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades» --o que enfatiza a ideia de «pacto de gerações» que deve assegurar, no tempo, uma nova forma de organizar as sociedades humanas e de gerir os recursos mundiais que são finitos e dos quais, afinal de contas dependemos.
O Relatório Brundtland aponta recomendações como limitar o crescimento da população, garantir recursos básicos como água, energia e outros a longo prazo, preservar a biodiversidade e os ecossistemas, diminuir o consumo de energia e desenvolver tecnologias energéticas renováveis, aumentar a produção industrial de países não industrializados via tecnologias limpas, controlar a urbanização desordenada e atender a necessidades básicas de saúde, educação e habitação.
A consciência de que não mais é possível pensar num crescimento exponencial da economia sem contabilizar o efeito desse crescimento em termos de ambiente e de esgotamento de recursos; a constatação dos enormes desequilíbrios gerados, em termos de desigualdade na distribuição da riqueza e de degradação da Terra; dois eixos essenciais das propostas deste documento.


Bernardino Guimarães
«O Nosso Futuro Comum» consagra definitivamente o conceito de «desenvolvimento sustentável» procurando uma síntese operativa entre o desenvolvimento económico e a defesa dos ecossistemas e alargando o campo de visão para os problemas da equidade social e combate à pobreza, cooperação internacional e práticas menos predadoras para o ambiente."
ResponderEliminarMas , no entanto, continua tudo igual. O que se passa? O egoísmo não vai terminar ?