A Quercus fez uma análise dos dados de produção e consumo de electricidade no ano passado tendo concluído que a produção a partir de renováveis aumentou, mas cresceram também a intensidade energética e as emissões de CO2 (2,5%) devido ao maior uso do carvão.
A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza recorreu aos dados disponibilizados pelas Redes Energéticas Nacionais (REN) relativos à totalidade do ano de 2009.
Portugal está sujeito a uma enorme variabilidade climática com incidência quer no recurso à produção de electricidade a partir de fontes renováveis (em particular à hídrica), quer nas necessidades de aquecimento e arrefecimento, nos sectores doméstico e de serviços, que condicionam o consumo. Estes factos são determinantes para o ano de 2009 se revelou seco, à excepção de Dezembro que inverteu muito a tendência.
Portugal menos eficiente; intensidade energética (na electricidade) continua a aumentar
Entre os aspectos pertinentes da análise efectuada está o facto do consumo de electricidade ter decrescido, mas a um ritmo mais lento que o Produto Interno Bruto. Em 2008 o aumento de consumo de electricidade foi de 1%, mas superior à variação do PIB (0,3%). Em 2009, resultado do abrandamento da actividade económica, o PIB deverá contrair-se na ordem dos 3% em relação a 2008, mas o consumo de electricidade apenas se reduziu em 1,4%. A relação entre o consumo de electricidade e o PIB denomina-se por intensidade energética (neste caso limitada à electricidade) é um indicador de eficiência. À excepção de 2007, Portugal não tem conseguido inverter esta tendência. Isto é, continua a precisar de mais electricidade para produzir uma unidade de riqueza.
Assim, a Quercus considera que o Governo deverá dar muito maior ênfase às medidas na área da redução de consumos e eficiência energética, medidas aliás com maior custo-eficácia que os próprios investimentos em energias renováveis, e onde o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (PNAEE) é um elemento fundamental, cujas medidas precisam de ter maior expressão prática.
No entender da Quercus, esta redução do consumo deveu-se a um conjunto de factores que é difícil individualizar mas que se prendem:
- principalmente com o abrandamento da actividade económica, como já foi referido anteriormente;
- com o clima ameno que se verificou no ano de 2009, com um Inverno (Janeiro a Março de 2008) pouco frio e um Verão pouco quente, conduzindo a menores necessidades de consumo de electricidade para efeitos de climatização e que pesam muito no consumo de electricidade;
- maior conservação de energia no sector doméstico e nos serviços através de mudanças de comportamentos, motivada principalmente por razões e/ou dificuldades económicas que obrigam à poupança mas também por uma maior sensibilidade ambiental;
- maior eficiência energética de novos equipamentos.
Portugal mais renovável
O valor real da percentagem de electricidade produzida a partir de fontes renováveis foi de 36,5% (por comparação com 27,8% em 2008) – um aumento muito significativo. Corrigindo este valor para um ano médio em termos hidrológicos obteremos um valor de 41,7%. A Direcção Geral de Energia e Geologia deverá indicar um valor superior dado que faz uma correcção considerando o ano base de 1997 (ano de publicação da anterior Directiva comunitária sobre energias renováveis). A nova Directiva sobre energias renováveis irá no futuro introduzir uma nova metodologia de cálculo para avaliação do cumprimento de metas de cada país.
Outros indicadores seleccionados / calculados pela Quercus
A Quercus estima para o total das principais centrais termoeléctricas um aumento de emissões de 1,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono entre 2008 e 2009 (2,5% das emissões de gases com efeito de estufa do ano base de 1990 em termos de Protocolo de Quioto). A principal razão prende-se com o aumento do recurso à electricidade produzida pela central térmica a carvão de Sines, cerca de mais 2000 GWh em 2009 do que em 2008. Uma central a carvão tem maiores emissões específicas que as centrais de ciclo combinado a gás natural.
Dezembro impressionante: a intensa chuva teve um impacte importante no aumento da produção pela grande hídrica, tendo sido o mês dos últimos dois anos com maior produção hidroeléctrica, permitindo ainda aumentar o nível de armazenamento de água nas albufeiras de 59% para 83% entre Novembro e Dezembro. Ainda assim, o ano civil, a par do que tem acontecido praticamente em todos os últimos anos, a produção hidroeléctrica ficou 23% abaixo do normal (IPH=0,77).
Entre 2008 e 2009, o aumento da produção de electricidade de origem eólica (31,6%) foi superior ao aumento da produção de hidroelectricidade (22,7%). Aliás, em 8 dos 12 meses de 2009, a produção de origem eólica foi superior à da grande hídrica.
A produção de energia fotovoltaica aumentou em 2009, 315% em relação ao ano anterior, devido ao programa “renováveis na hora”, apesar de ter ainda um papel irrelevante. Em 2009 representou apenas 0,77% da produção total de electricidade renovável.
Portugal entre 2008 e 2009, reduziu o saldo importador de electricidade em cerca de 50% de 18,7% para 9,6% do consumo. Em Naturlink http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=13686&bl=1
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