Diário de Notícias http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1512155&seccao=Tecnologia
A enorme produção e consumo mundial de televisores, telemóveis ou computadores está a tornar-se um importante problema ecológico, nomeadamente nos países em desenvolvimento. Em Portugal, a Nintendo lançou ontem a nova consola portátil DSi XL e revelou dados esclarecedores sobre o mercado nacional dos videojogostecnologia
China, Índia e outros países em desenvolvimento devem preparar-se para uma "avalanche" crescente do lixo electrónico, segundo um relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), realizado com o instituto suíço de ciência dos materiais EMPA e a empresa belga de reciclagem Umicore.
Anualmente, cerca de 40 milhões de toneladas de equipamentos electrónicos vão parar ao lixo. O PNUMA calcula que os Estados Unidos vão produzir este ano três milhões de toneladas de lixo electrónico, seguidos da China com 2,3 milhões - incluindo 1,3 milhões de toneladas de televisores ou 300 mil toneladas de computadores.
Numa década, os resíduos de computadores velhos vão aumentar 500% na Índia e 200 a 400% na China ou África do Sul, a partir dos dados registados em 2007.
Nos telemóveis, e comparando com esses valores de há três anos, devem ser de oito e 18 vezes em 2020 em países africanos como o Senegal e Índia, respectivamente. A analista Gartner calcula que foram comercializados a nível mundial 1.211 milhões de telemóveis no ano passado, um pequeno decréscimo de 0,9% relativo a 2008.
O PNUMA defende no relatório "Recycling - from E-Waste to Resources", em que analisou a situação em 11 países, que a reciclagem dos produtos electrónicos seja efectuada de forma mais eficiente.
Como muitos destes países não têm infra-estruturas de reciclagem dos diferentes elementos perniciosos para a saúde presentes nos aparelhos electrónicos e ainda os recebem de países desenvolvidos - a China é um exemplo recorrente -, o efeito no ambiente local e nos seres humanos é preo- cupante.
"Para muita gente", explica Josh Lepawsky, da norte-americana Memorial University, a exposição a este lixo "é uma estratégia de sobrevivência" mas, em termos de exploração de recursos naturais, é ineficiente. O objectivo é recuperar cobre, cobalto (15% da produção mundial é usado em telemóveis), paládio (13%) ou ouro e prata (3%).
Ainda no exemplo dos telemóveis, é possível "extrair" uma grama de ouro a partir de 41 telemóveis usados, assegura Rüdiger Kühr, da Universidade das Nações Unidas. Já nas placas de circuitos para computadores, encontram- -se 250 gramas de ouro por tonelada, refere Christian Hagelücken, da Umicore.
Foto de Alberto Guimarães
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sábado, março 06, 2010
« A HISTÓRIA DAS COISAS»
em Portal Naturlink http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=16208&bl=1
O filme em estilo de documentário animado “A história das Coisas” alerta para as consequências ambientais do consumismo que caracteriza as sociedades ocidentais, e em particular a norte-americana, analisando as várias etapas do ciclo de vida dos produtos desde a extracção das matérias-primas até à eliminação dos resíduos.
Em Dezembro de 2007 foi lançado na Internet um documentário animado alertando para os impactos ambientais de uma característica das sociedades ocidentais que está a tornar-se cada vez mais frequente em economias emergentes – o consumismo.
Em a “História das Coisas” a activista ambiental americana Annie Leonard revela em apenas 20 minutos as implicações da disponibilização no mercado de determinado produto, desde a extracção das matérias-primas até à sua eliminação como resíduo, passando pela produção, distribuição e consumo.
O filme tem corrido mundo – no site do projecto pode ser vista a versão original legendada em 11 línguas que incluem o português (do Brasil) – e tem sido amplamente elogiado embora também tenha sido alvo de duras críticas, tendo sido por vezes questionada a exactidão das informações que veicula.
O site do projecto permite o download do documentário animado para divulgação sem fins comerciais, sendo frequentemente utilizado em escolas nos Estados Unidos.
Depois do sucesso do filme divulgado na Internet, que de acordo com o site do projecto já foi visto por milhões de pessoas em 224 países e territórios em todo o mundo, a versão em livro chega às livrarias americanas a 9 de Março com um epílogo “A questão não é se mudaremos mas sim como mudaremos – Fá-lo-emos gradualmente com esforço relativo mas de forma voluntária, o fá-lo-emos de um modo abrupto e por omissão?”
Veja o filme
http://www.storyofstuff.org/international/
Fontes: storyofstuff.org e www.elmundo.es
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quarta-feira, dezembro 16, 2009
NATAL

Quando se recorda a magia do Natal, os seus traços impressivos na infância (devemos desconfiar da memória ou da melancolia?) a mensagem antiga e subjacente, temos dificuldade em aceitar esta quadra transformada em pura agitação— comprar, comprar, seguir as estratégias publicitárias, gastar por vezes o que se não tem… e há até aquele estranho mal-estar, patologia da época, o «stress» natalício, ao que consta uma difusa agonia causada por excesso de ansiedade, as compras, o tempo que mingua mais do que habitualmente, as horas contadas a passar, céleres, e tanta coisa para ver, para adquirir, para oferecer, para organizar, para não esquecer. Natal com «stress» — quase uma contradição nos termos!
Mesmo sabedor de tudo isto, o cronista hesita na condenação severa desta febre de consumo e de sensações. Fomos sendo treinados para a necessidade de ter, de usar, de possuir, de experimentar sempre, e esta é a altura de ter mais, de dar mais, muito mais, de abordar o supérfluo e esquecer a austeridade, de nos rendermos enfim aos prazeres e alegrias que vêm embrulhadas em papéis de cores vivas, as novidades que exilam por momentos a secura e rotina dos dias, o que está aí reluzindo de tão novo e apelativo.
Contradição com o «espírito de Natal»? Podemos ver, se quisermos, esta azáfama do lado das consequências. Apesar do inegável «balão de oxigénio» para um comércio ainda em crise, os economistas alertam para o perigo do sobregasto e do endividamento das famílias. Quem com o ambiente se preocupa, não pode ignorar que o desperdício é rei nesta festa luminosa. Os resíduos atulhando os contentores (se ao menos fossem cheios os ecopontos!) depois da noite de Natal, podem ser vistos como a imagem mais impressionante de uma breve euforia.
Claro que existe a crise económica a limitar os excessos. É certo que muitos passarão antes um Natal de dificuldades e frustrações, com o desemprego e a angústia a levar de vencida os desejos que a publicidade incute.
Um filósofo americano escreveu há tempos sobre a necessidade de reinventarmos a felicidade, buscando de novo valores a alegrias que já se não usam: amizade, companheirismo, sobriedade, critério, qualidade nas escolhas e no uso do tempo— e solidariedade com os que menos têm a mais precisam. Porque nesta quadra é mais visível o rasto negro da pobreza e da solidão.
Quanto ao Ambiente, ganhará com alguma contenção, com a recusa do supérfluo, com escolhas que não impliquem tanto gasto de recursos naturais, o que pode ser feito com alguma informação e pouquíssimo esforço.
O consumidor não deve esquecer— nem no Natal! — que é também cidadão.
Reinventar a felicidade? Sim, e talvez o Natal também. Com menos «stress» e mais alegria que não seja postiça.
Bernardino Guimarães
(Crónica emitida em Antena 1, 10/12/09)
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sexta-feira, novembro 27, 2009
DIA SEM COMPRAS

É incentivada a reflexão sobre o modo de consumo na actuais sociedades capitalistas. Promove-se uma postura de consumo responsável, alertando-se a sociedade para a escassez dos recursos naturais e para a necessidade de todos nós, enquanto consumidores, termos consciência da pegada ecológica originada pela produção e transporte dos produtos que temos à nossa disposição nas superfícies comerciais. Defende-se a sustentabilidade do planeta, promovendo o consumo consciente e local, o comércio justo e a reutilização e troca de bens.
O caso do nosso país é ainda mais agudo, pois em Portugal consumimos 3 vezes mais do que o adequado para ter um planeta sustentável, disse-o publicamente o Presidente da Oikos (http://www.oikos.pt/) em 2007. Pensemos, por exemplo, nos pratos abastados das ementas portuguesas, na comida que se costuma deixar no prato no fim da refeição ou nas acelerações desnecessárias dos carros, que consomem combustível a mais.
Em vários pontos o GAIA promove Acções para o Dia Sem Compras:
No Centro de Convergência do GAIA no Alentejo, nada melhor para assinalar o Dia Sem Compras que uma Feira de Trocas! No próximo Sábado acontecerá uma no Centro Social da Aldeia das Amoreiras, por isso já sabes, se não tiveres o que fazer com um montão de coisas que se estão a amontoar lá em casa, trá-las e pode ser que regresses com um montão de coisas novas! Dia 28 às 15h, na aldeia das Amoreiras. Mais informação em http://gaia.org.pt/node/15182
Em Lisboa o Dia Sem Compras é celebrado com uma Marcha a sair da Praça da Figueira às 14h até ao Largo Camões. Vamos passar pela Rua Augusta onde vai ser montado um Teatro de Rua, pela Rua do Carmo e Rua Almeida Garret até ao Largo do Camões onde representaremos de novo uma peça de Teatro do Oprimido. Na marcha praticipam também dois grupos de percussão: os Ritmos de Resistência (percusssão samba) e a Nação do Bairro (percussão maracatú).Concentração / Início da Marcha – Praça da Figueira (Baixa) - 14h Teatro de Rua – Rua Augusta (cruzamento com Rua da Vitória) – 15h30 até às 16hFinal da Marcha e Teatro de Rua – Largo do Camões (Chiado) – 16h30 até ao pôr-do-sol Mais informação em http://gaia.org.pt/node/15181
No Porto está a ser realizado um ciclo de debates e cinema sobre consumismo e alternativas no espaço Casa da Horta. No dia sem compras um grupo de activistas estão a organizar algumas acções de sensibilização que se irão manter em segredo até o dia da acção. Para mais informação sobre o ciclo sobre consumismo e alternativas ver em: http://gaia.org.pt/node/15170
Website: http://dia-sem-compras.gaia.org.pt/
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sexta-feira, outubro 30, 2009
«ECOLOGIA DO ESPÍRITO» CONTRA OBSESSÃO DO CONSUMO

Contra a “paixão” que coloca o consumo no centro da vida dos seres humanos, só uma “ecologia do espírito” que lhes ofereça outras paixões e felicidade, defendeu ontem o filósofo francês Gilles Lipovetsky em Lisboa, na conferência “Ambiente na Encruzilhada”, organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Na conferência, que continua hoje, Lipovetsky recusou “diabolizar” o consumo, mas afirmou que é quando se torna “o centro da vida” que se torna também “perverso, um erro”, o que acontece na sociedade actual de “hiper-consumo”. Apontando o aumento da obesidade que evidencia o “excesso de consumo que se deve criticar”, Lipovetsky - professor da Universidade de Grenoble, em França, e autor de obras como “A Era do Vazio” - reconheceu que o aumento de tecnologia e produtos disponíveis pode “fazer recuar a doença, os grandes desastres”, mas a partir de um certo limiar ter mais dinheiro não aumenta a felicidade. “Quando [o consumo] é o tudo da existência, é perverso. O Homem não deve ser só um consumidor, deve ser uma criatura que aprende, que pensa, que se ultrapassa”, argumentou. A contrapor à “paixão da espiral consumista”, só uma “pedagogia e uma política de paixão, que ofereça objectivos capazes de mobilizar a paixão dos indivíduos”, declarou. “Pela arte, pelo trabalho, é preciso dar aos seres humanos a capacidade de viver para outras coisas além das marcas ou da substituição de uns produtos por outros. É precisa uma ecologia do espírito, precisamos de criar outro pólo, senão não vai parar esta bulimia”, disse, defendendo ser necessário “inventar novos modos de educação e trabalho”. “A felicidade não cresce ao mesmo ritmo que a economia. Existe um mito, um fetiche com a ideia de crescimento, que não é um bom indicador de felicidade”, disse o filósofo. Para Lipovetsky, a escalada do consumo deve-se, entre outros factores, à mundialização da economia, que não pára de propor novos serviços e produtos numa “fuga para a frente infernal” e à legitimação da “cultura hedonista em que gozar a vida já não é um interdito”. Por outro lado, “paga-se caro” por viver numa sociedade individualista, em que o desempenho individual é constantemente medido: com “angústia”, a que as pessoas, ansiosas, já não reagem “indo à missa”, mas consumindo, num mundo em que comprar já não tem limites nem de espaço nem de tempo. Com a Internet, finalizou-se um modelo de “consumo contínuo”, que, “com ou sem crise, vai continuar”. Se, antigamente, o consumo era organizado por família ou por classe social, hoje o consumidor é “nómada, imprevisível, descoordenado”, apontou. Compra para si, compra luxo - mesmo que tenha que reduzir noutros sectores - e compra sempre à procura de prazer, essencialmente, mais do que de prestígio. Hoje, “vive-se para ter constantemente pequenas experiências, para combater um pouco a banalidade dos dias, evitar a fossilização do quotidiano, há uma curiosidade constante pelo que é novo”, acrescentou.
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domingo, abril 26, 2009
CONSUMO

Entre culpa e sensação de rondarmos o inevitável, talvez o pior seja essa impressão vaga de absurdo, tão presente e tão ignorada. Há boas razões pare que assim seja – mesmo em época de crise económica. O comércio, hoje em boa parte globalizado, dotou-se de instrumentos agressivos e eficazes, criando necessidades, ampliando desejos, iluminando apelos.
O “marketing” conhece bem os seus alvos e é suposto que os identifique, individualize e distinga, porque o tempo de mercado uniforme vai cedendo o passo a escolhas diversificadas, visando inteligentemente segmentos sociais, escalões etários, idiossincrasias regionais e as “tribos” mais diversas do universo fragmentado.
A publicidade é uma arma – e uma arte, cujo estro criativo se nos dirige todos os dias. Seria demasiado fácil culpar os publicitários e o seu trabalho. Só que esta coisa do consumo não se deslinda com “sentenças” peremptórias. E onde havemos de arrumar a nossa própria falta de discernimento? Sejamos claros: uma sociedade próspera, que permite o acesso generalizado a uma infinidade de bens de consumo e de serviços, não tem só maus aspectos.
Os que vivem na pobreza, na carência extrema do que é essencial para uma vida digna – e são no Mundo a maioria – sonham com uma sociedade assim. Em Portugal, muito do fascínio pelo consumo justifica-se pela memória dos tempos de pobreza e isolamento do país, memo que a simples consulta das frias estatísticas nos envolva numa realidade actual, de muita desigualdade e indigência.
A verdade é que, para os que têm mínimo acesso ás luzes do consumo, também a factura não se faz esperar – altos níveis de endividamento, passivo ambiental cada vez mais incontornável.
É que a tal sociedade de consumo parte do principio de que são inesgotáveis os recursos naturais – o que os factos desmentem dramaticamente. Enormes quantidades de resíduos de todo o tipo são a consequência primeira dos excessos praticados. Mesmo com o aumento da consciência ecológica, não parece que se relacionem ainda estes factos como seria lógico fazê-lo.
De qualquer modo, talvez a aposta certa deve ser na qualidade…do consumidor. A “sociedade” tem as costas largas. Mas a nossa vontade inteligente, na hora de consumir, pode fazer muito, tornando o consumidor mais cidadão.
Exemplos? Para além da melhor escolha qualidade/preço, podemos felizmente optar por produtos que garantidamente sejam menos prejudiciais ao ambiente – e á saúde. Podemos exigir do comércio que venda e exponha esses produtos. Preferir menos embalagens, não premiar o desperdício visível, são atitudes fáceis e úteis. Quem não quiser contribuir para o fim das florestas tropicais, deve preferir madeira ambientalmente certificada.
Se o consumo deve ser o mais possível sustentável, também no mundo inteiro há quem o queira mais “ético”. Em relação à natureza, mas também à justiça social. Vai sendo viável procurar o “Comércio Justo” que tenta estabelecer relações de troca mais equitativas com os produtores dos países pobres. E existe já alguma certificação que nos alerta contra importações produzidas em desrespeito pelos direitos humanos (recurso a trabalho infantil e à semi-escravatura.)
Escolhas. Muito depende de nós, afinal. Não por má consciência – mas por vontade de agir e mudar.
Bernardino Guimarães
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